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Caso de homem que sobreviveu à forca expõe sistema de julgamentos

Ativistas cobram mudanças

Rodrigo Craveiro
postado em 24/10/2013 06:06

Majid e o sobrinho, Hossein Kavousifar, enforcados com guindaste, em Teerã: execuções públicas são comuns na república teocrática islâmica

Depois de duas semanas em coma, Alireza M. despertou, ontem, e abriu os olhos do mundo para os horrores de um sistema judiciário regido pela sharia (lei islâmica) e por interesses políticos. No último dia 9, o detento da Prisão de Bojnurd, no nordeste do Irã, foi pendurado na forca para o cumprimento da sentença, imposta como punição pela posse de 1kg de metanfetamina. Alireza ficou 12 minutos com a corda presa ao pescoço; o corpo, solto no vazio. Um médico, um juiz e o diretor da penitenciária assinaram o atestado de óbito. No dia seguinte, um funcionário do necrotério percebeu vapor no saco plástico mortuário, à altura da boca. Alireza estava vivo.

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Depois de anunciarem que ele seria submetido a novo enforcamento, as autoridades voltaram atrás. ;Minha opinião é que a sentença de morte do homem que voltou à vida deve ser reduzida à prisão perpétua;, declarou o aiatolá Amoli Larijani, chefe do Judiciário, citado pela agência Isna. ;Do ponto de vista emocional, um dos modos de lidar com o executado que viu a morte e sofreu privações é mostrar-lhe clemência;, acrescentou. As últimas informações dão conta de que Alireza já consegue respirar e conversar, no Hospital Imam Ali, em Bojnurd, a 825km de Teerã.

Para o iraniano Mahmood Amiry-Moghaddam, porta-voz da ONG Iran Human Rights, o caso escancarou a brutalidade da pena de morte no Irã. ;Ele mostrou ao mundo que o país não é apenas um presidente sorridente e negociações nucleares. Existe outra realidade, dentro do Irã, que não deve ser ignorada;, afirmou ao Correio, por meio da internet. De acordo com ele, 580 pessoas foram executadas pelo regime teocrático islâmico, no ano passado ; em 2011, esse número chegou a 676. ;Estima-se que entre 800 e 1 mil cidadãos sejam mortos anualmente. A maior parte das execuções é mantida em segredo.; Na terça-feira, uma mulher e seis homens foram mortos em Kermanshah.

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