Agência France-Presse
postado em 24/10/2013 10:48
Pequim - O organismo regulador dos meios de comunicação na China prometeu proteger os direitos fundamentais à informação após a polêmica prisão de um jornalista, um gesto incomum por parte das autoridades a favor da liberdade de imprensa. O jornalista Chen Yongzhou, que trabalha para o jornal Xinkuaibao de Cantão, foi detido na sexta-feira (18/10)pela polícia da cidade de Changsha (centro) acusado de ter prejudicado a reputação de uma empresa.[SAIBAMAIS]Chen escreveu vários artigos nos quais afirmava que a empresa de engenharia Zoomlion, negociada na bolsa de Hong Kong e Shenzhen, tinha problemas financeiros e havia publicado balanços fraudulentos. A Administração Geral de Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão chinesa (GAPPRFT) disse estar muito preocupada com a detenção de Chen, indicou na noite de quarta-feira a China Press and Publishing Journal, uma publicação deste gabinete oficial.
A GAPPRFT "entrou em acordo com as autoridades competentes" para garantir que o caso seja levado adiante de forma justa e adequada, indica o texto, que cita um funcionário do organismo sob condição de anonimato. "A GAPPRFT apoia firmemente os meios em suas atividades de informação (ao público) e protege cuidadosamente estes direitos (quando são) justos e legítimos", acrescenta esta fonte.
O jornal para o qual o jornalista detido trabalha publicou na quarta-feira em sua primeira página um apelo para que seja libertado. "Por favor, libertem nosso homem", afirmou o jornal popular Xinkuaibao de Cantão, o que constitui na China um desafio inédito às autoridades por parte de um meio de comunicação. "Somos um jornal pequeno, mas somos valentes", acrescentou em um editorial a redação do Xinkuaibao, que lamentou não ter falado antes do caso por medo de represálias contra o jornalista. A empresa Zoomlion, avaliada em 8 bilhões de dólares pela bolsa, na qual o Estado tem 20% das ações, é uma importante fonte de receitas fiscais de Changsha, a capital da província de Hunan.