Agência France-Presse
postado em 25/10/2013 07:51
Bruxelas - O presidente francês, François Hollande, estimou nesta sexta-feira (25/10) que as revelações do ex-analista de informação Edward Snowden sobre a espionagem eletrônica dos Estados Unidos poderão "finalmente ser úteis", conduzindo a uma "melhor eficiência" dos serviços de Inteligência e a mais proteção da privacidade dos cidadãos.A declaração foi dada em entrevista coletiva após o primeiro dia da cúpula europeia em Bruxelas. Segundo Hollande, as informações ;permitirão ter mais eficiência na ação dos serviços de Inteligência e, ao mesmo tempo, uma maior proteção das liberdades dos cidadãos".
Em relação aos Estados Unidos, o que há "é uma questão de confiança: a verdade sobre o passado e regras de conduta para o futuro", disse Hollande. França e Alemanha lançaram na noite desta quinta-feira uma "iniciativa conjunta" para discutir com os Estados Unidos a forma de se chegar a um acordo sobre a questão da Inteligência até o final do ano. "Queremos saber o que a imprensa já sabe e vai seguir publicando a partir dos chamados documentos Snowden", assinalou Hollande, que espera novas revelações.
O presidente francês destacou que o "que está em jogo é a preservação da nossa relação com os Estados Unidos", assim como o "reforço" da confiança. "Não deve haver espionagem entre aliados". Perguntado sobre a revelação do jornal britânico The Guardian de que 35 dirigentes do mundo foram alvo de escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA) e sobre as precauções que tomou, Hollande brincou: "uso um telefone, por sorte, não estou na Idade da Pedra, não utilizo o (código) Morse".
[SAIBAMAIS]Hollande disse ainda não saber se foi realmente espionado, mas afirmou que adota medidas para comunicações "seguras". O presidente francês ironizou ao afirmar que entre as "regras de boa conduta entre aliados", a "primeira deveria ser não vigiar e não escutar os celulares de alguém com quem você se reúne em cúpulas internacionais".
Outra regra seria que "quando se quer realizar uma investigação, que haja informação mútua" e que "não se guarde informação que possa afetar certas liberdades". O jornal britânico publicou nesta quinta que a NSA "espionou as conversas telefônicas de 35 dirigentes do mundo após um alto funcionário americano entregar uma lista com os números". "The Guardian" cita um documento interno, no qual a NSA pede aos responsáveis de vários organismos do Executivo, incluindo Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono, que "compartilhem seus números de telefone e endereços eletrônicos (e-mails) com a agência".
As revelações são baseadas em documentos vazados pelo ex-analista de Inteligência Edward Snowden, atualmente refugiado na Rússia.