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Europeus dão resposta branda às denúncias de espionagem dos EUA

Os líderes preferiram expressar o descontentamento, mas sem chegar ao ponto de suspender as negociações e relações com os Estados Unidos

Bruxelas - Os dirigentes europeus, supostas vítimas da espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, optou por uma resposta branda a este escândalo de proporções planetárias, preocupados principalmente em não prejudicar as relações com seu sócio estratégico. Eles preferiram expressar seu descontentamento, mas sem chegar ao ponto de suspender as negociações e relações com os Estados Unidos.



"Todo mundo pode entender a adoção de medidas excepcionais quando há ameaças terroristas importantes (...), mas não estamos em uma situação onde é preciso espionar uns aos outros", declarou nesta sexta Di Rupo. O presidente francês, François Hollande, disse por sua vez que "não podemos controlar os celulares das pessoas que encontramos em cúpulas internacionais".

O dilema dos europeus

O chefe de Governo finlandês, Jyrki Katainen, resumiu o dilema dos europeus: "devemos preservar a relação transatlântica e afirmar que isso (a espionagem) não é aceitável". Para além dos protestos, os europeus rejeitam sanções, em particular uma eventual suspensão das negociações de livre comércio lançadas recentemente entre os dois blocos.

O líder do partido social-democrata alemão Sigmar Gabriel pediu tal medida, mas Merkel alertou para o risco de uma ruptura das discussões. Uma frente comum dos 28 é muito difícil de se alcançar dado que a espionagem é praticada entre os próprios países europeus. A Grã-Bretanha, tradicionalmente muito próxima dos Estados Unidos, está envolvida em alguns casos revelados nos últimos meses.

Sinal de possíveis problemas, o primeiro-ministro britânico David Cameron não se exprimiu à imprensa desde o início da cúpula, ao contrário do que faz habitualmente. O Washington Post informou nesta sexta-feira que os documentos obtidos pelo ex-consultor da inteligência Edward Snowden poderia comprometer os serviços de inteligência europeus, revelando detalhes sobre como eles operavam secretamente em conjunto com Washington.

Além disso, os europeus não conseguem se entender sobre um projeto de lei apresentado pela Comissão Europeia há meses para reforçar a proteção dos dados pessoais contra os gigantes da internet e dos serviços de inteligência. Enquanto a comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, cobra "medidas" e a adoção da reforma "até à primavera de 2014", os 28 decidiram "por uma margem de manobra" até 2015. "Nós devemos avançar mais rápido, mas a tarefa é complexa. Não envolve somente a vida privada, mas também o mundo dos negócios", afirmou Van Rompuy.