Agência France-Presse
postado em 26/10/2013 09:14
Damasco - Combatentes curdos da Síria retomaram neste sábado (26/10) de grupos jihadistas o controle de um posto na fronteira com o Iraque, considerado valioso para o trânsito de armas e homens em um confronto que já dura 31 meses. Na batalha pelo controle do posto de fronteira de Al-Yaarubia morreram combatentes dos dois lados, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).De acordo com a ONG, que tem sede na Inglaterra e conta com uma ampla rede de fontes na Síria, os curdos "tomaram durante a manhã o controle do posto de Al-Yaarubia, perto do Iraque, após confrontos com o Estado Islâmico no Iraque e Levante, a Frente Al-Nosra e outros combatentes rebeldes".
Os curdos lutam há meses para criar no nordeste da Síria uma região autônoma, similar a que existe no norte do Iraque. Os rebeldes, que compartilham o objetivo de derrubar o regime do presidente sírio Bashar al-Assad, passaram a travar batalhas uns contra os outros nos últimos meses. Além dos combates entre islamitas e curdos no nordeste, jihadistas enfrentam na região norte o Exército Sírio Livre, a principal facção da oposição armada ao regime de Assad.
A vitória dos curdos em Al-Yaarubia representa um novo golpe para os islamitas. Na sexta-feira (25/10), o canal de televisão público sírio informou a morte do líder da Frente Al-Nosra, Abu Mohamed al-Julani, o que foi desmentido horas mais tardes pelo grupo vinculado à rede Al-Qaeda. Ao mesmo tempo, o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, desembarcou no Irã, principal apoio estrangeiro de Assad, como parte de uma viagem de preparação de uma conferência internacional de paz para resolver a crise por meio da diplomacia.
O argelino já visitou Turquia, Jordânia, Iraque, Egito, Kuwait, Omã e Catar. A última etapa será a Síria. A comunidade internacional espera organizar a conferência em Genebra no fim de novembro. Lakhdar Brahimi tenta convencer todas as partes da necessidade de reunir ao redor da mesma mesa representantes do regime e da oposição, para encontrar uma solução política depois de dois anos e meio de batalha.
Os opositores, muito divididos sobre a participação na conferência, exigem sobretudo o afastamento de Assad da transição política. O regime se nega a aceitar uma interferência estrangeira nas decisões vitais do futuro do país. Ao mesmo tempo, a diretora de operações humanitárias da ONU, Valérie Amos, pediu uma pressão do Conselho de Segurança sobre o governo sírio e os grupos rebeldes para que várias regiões do país recebam ajuda humanitária. Ela destacou que a ONU não tem acesso há mais de um ano a 2,5 milhões de civis isolados em zonas da Síria que registram os combates mais violentos.