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Jornalista chinês detido "confessa" na TV "informações falsas"

Repórter foi preso suspeito de ter prejudicado a reputação de uma empresa

Agência France-Presse
postado em 26/10/2013 11:13
Pequim - Um jornalista chinês que viu sua detenção provocar um debate sobre o direito de informação e provocou a intervenção do órgão regulador da imprensa reconheceu ter publicado "informações não verificadas e falsas", em uma "confissão" exibida neste sábado (26/10) pela televisão estatal.

Chen Yongzhou, jovem repórter do Xinkuaibao, jornal publicado em Cantão (sul), foi detido na semana passada pela polícia da cidade de Changsha como "suspeito de ter prejudicado a reputação de uma empresa". Em imagens exibidas pelo canal CCTV, Chen, vestido com a roupa verde dos detentos, afirma que "inventou" as reportagens. Também declara que aceita "reconhecer os erros e demonstrar arrependimento".



O repórter apresenta em seguida "as mais sinceras desculpas" à empresa, Zoomlion, e aos acionistas, assim como a sua própria família. Manifesta pena por ter "abalado a confiança do público na imprensa". Na "confissão", muito organizada, o jornalista de 27 anos explica que foi motivado pelo "dinheiro". Chen afirmou à polícia que "a pedido de uma terceira parte divulgou de forma contínua informações não verificadas e falsas" sobre o grupo Zoomlion, que registrou queda na Bolsa, segundo a agência estatal Xinhua.

O repórter publicou uma série de matérias nos últimos meses nas quais acusava a Zoomlion, uma empresa de motores com cotação em Hong Kong e Shenzhen, de balanços fraudulentos e promoções ilegais. A empresa, avaliada em oito bilhões de dólares pela Bolsa, na qual o Estado tem 20% das ações, é uma importante fonte de recursos fiscais de Changsha, capital da província de Hunan. Foi justamente a polícia desta cidade que prendeu o jornalista em 18 de outubro.

Segundo a Xinhua, Chen recebeu um pagamento de dezenas de milhares de yuanes de "outras pessoas", que não foram identificadas, e que apresentaram elementos falsos para a publicação. O jornal do repórter, Xinkuaibao, pediu em várias ocasiões a libertação de Chen, alegando que havia verificado a exatidão das informações. Outros jornais do país também questionaram a detenção, que foi muito comentada nas redes sociais. Até o órgão regulador chinês dos meios de comunicação afirmou que esta "inquieto" com a detenção de Chen.

Em outro incidente, dezenas de chineses protestaram neste sábado em Xangai contra a morte de Shen Yong, de 55 anos, que pedia justiça pela demolição de sua casa e que teria sido agredido pela polícia. Os manifestantes protestavam pelas baixas indenizações pagas aos moradores expulsos de suas residências para o desenvolvimento de projetos imobiliários e pela morte de Yong.

Segundo a Rádio Free Asia, independente, Yong foi levado na quinta-feira a uma delegacia, onde permaneceu por duas horas. Pouco depois de deixar o local, ele faleceu em casa.

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