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Emissário da ONU vai à Síria em busca de apoio para conferência de paz

Lakhdar Brahimi foi acompanhado pelo vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad

Agência France-Presse
postado em 28/10/2013 10:07
Lakhdar Brahimi chegou nesta segunda-feira (28/10) em DamascoDamasco - O emissário especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, chegou nesta segunda-feira (28/10) a Damasco para angariar apoio para uma conferência de paz, num momento em que a Rússia criticava com firmeza as ameaças dos rebeldes contra os que participarem desta reunião. Brahimi, que viajou a partir de Beirute de carro, chegou ao Hotel Sheraton, localizado no centro de Damasco, acompanhado pelo vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, no âmbito de um giro pela região para preparar esta conferência chamada de "Genebra-2".

Trata-se da primeira visita de Brahimi a Damasco desde dezembro de 2012. Na época, ele havia pedido uma mudança real na Síria e a formação de um governo de transição dotado de plenos poderes. As ameaças de 20 grupos islamitas sírios que rejeitaram categoricamente a conferência de paz "Genebra-2", apoiada por Estados Unidos e Rússia, para encontrar uma saída política à guerra civil, complica ainda mais a missão de Brahimi, de 79 anos, que foi nomeado emissário para a Síria pela ONU e pela Liga Árabe em setembro de 2012.

Moscou classificou nesta segunda-feira estas ameaças de ultrajantes. "É ultrajante que algumas destas organizações extremistas, terroristas que lutam contra as forças governamentais na Síria comecem a ameaçar (...) aqueles que têm a valentia" de participar destas negociações de paz, declarou na televisão o chanceler russo, Serguei Lavrov. Vinte grupos islamitas sírios rejeitaram categoricamente, na noite de sábado, a "Genebra-2", acrescentando que os eventuais participantes desta conferência cometerão uma traição da qual deverão responder ante os nossos tribunais.



"Para nós, trata-se de um elemento adicional do complô destinado a fazer nossa revolução descarrilar e terminar com ela", insistiram estes grupos, alguns deles integrantes do Exército Sírio Livre. A oposição síria, muito dividida sobre uma eventual participação nesta conferência de paz que já foi adiada em várias oportunidades, exige garantias de que a mesma levará à renúncia do presidente Bashar al-Assad, o que o regime não aceita.

Para Thierry Pierret, um especialista do Islã na Síria, estes grupos islamitas "representam uma faixa muito ampla da oposição armada, desde os salafistas radicais da Frente Islâmica Síria até grupos muito mais moderados, que são pilares do Exército Sírio Livre". "Portanto, cabe afirmar que a rejeição de Genebra-2 nas fileiras dos insurgentes é quase total (...) Uma parte importante da oposição política não irá correr o risco de participar de uma conferência que lhe tiraria o que lhe resta de legitimidade ante os grupos armados", acrescentou.

Além disso, "ainda que opositores participem de Genebra-2 e cheguem a um acordo, este acordo não terá valor algum", disse. Por sua vez, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) havia anunciado no domingo ter recebido nos prazos exigidos o programa de destruição do arsenal químico da Síria, previsto por uma resolução da ONU adotada após um acordo entre Estados Unidos e Rússia.

A resolução da ONU sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio afastou a ameaça de um ataque militar americano, lançada após um mortífero ataque com armas químicas atribuído ao regime sírio, no dia 21 de agosto, perto de Damasco.

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