Agência France-Presse
postado em 28/10/2013 16:37
Damasco - O emissário especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, chegou nesta segunda-feira (28/10) a Damasco para a fase mais delicada de sua missão de organizar em novembro uma conferência internacional de paz, rejeitada por grupos rebeldes armados.
Em Haia, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), encarregada de supervisionar a destruição do arsenal químico sírio, anunciou que seus peritos no local não conseguiram ter acesso "por razões de segurança" a dois dos 23 locais de produção e armazenamento de armas declarados pela Síria.
Esse foi o primeiro percalço neste processo inédito resultante de um acordo internacional para impedir uma ofensiva dos Estados Unidos em represália ao ataque químico de agosto perto de Damasco.
Mas, enquanto os combates e a violência continuam a provocar dezenas de mortes todos os dias na Síria, a comunidade internacional tenta encontrar uma solução política para o conflito.
Brahimi, que viajou a partir de Beirute de carro, chegou ao Hotel Sheraton, localizado no centro de Damasco, acompanhado pelo vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, no âmbito de um giro pela região para preparar esta conferência chamada de "Genebra-2".
Trata-se da primeira visita de Brahimi a Damasco desde dezembro de 2012. Na época, ele havia pedido uma mudança real na Síria e a formação de um governo de transição dotado de plenos poderes.
O emissário visitou todos os países da região, incluindo Turquia e Irã, à exceção da Arábia Saudita, hostil ao projeto russo-americano de Genebra-2.
"Após uma crise como essa, não podemos voltar atrás", declarou Brahimi em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no site do jornal Jeune Afrique. "O presidente Assad pede contribuir de forma útil para a transição a uma nova República da Síria", mas não pode governá-la.
No entanto, desde o acordo sobre a destruição do arsenal químico da Síria, Assad passou de "pária" para "parceiro", observou o diplomata argelino.
Sua missão parece extremamente difícil, principalmente após as ameaças de 20 grupos islamitas sírios que rejeitaram categoricamente a conferência de paz para encontrar uma saída política à guerra civil.
Os rebeldes ameaçaram levar os opositores que se atreverem a ir a Genebra aos tribunais por "traição", o que implica claramente que eles seriam executados.
Moscou classificou nesta segunda-feira essas ameaças de ultrajantes. "É ultrajante que algumas dessas organizações extremistas, terroristas que lutam contra as forças governamentais na Síria comecem a ameaçar (...) aqueles que têm a valentia" de participar destas negociações de paz, declarou na televisão o chanceler russo, Serguei Lavrov.
Para Thierry Pierret, um especialista em Islã na Síria, os grupos islamitas "representam uma faixa muito ampla da oposição armada, indo dos salafistas radicais da Frente Islâmica Síria até grupos muito mais moderados, que são pilares do Exército Sírio Livre".
"Portanto, cabe afirmar que a rejeição de Genebra-2 nas fileiras dos insurgentes é quase total (...) Uma parte importante da oposição política não vai correr o risco de participar de uma conferência que pode tirar dela o que resta de legitimidade ante os grupos armados", acrescentou.
Além disso, "mesmo que opositores participem de Genebra-2 e cheguem a um acordo, esse acordo não terá valor algum", disse.
Essa rejeição mais taxativa dos opositores surge no momento em que as relações entre Riad e Washington se deterioram depois de os Estados Unidos terem abortado o plano de atacar a Síria e iniciado uma aproximação com o Irã, grande inimigo da Arábia Saudita.
"Entre os signatários estão vários grupos pró-sauditas", afirma Thierry Pierret. "Os sauditas rejeitam a abordagem americana para o conflito sírio e fazem isso claramente".
No Líbano, o chefe do poderoso movimento xiita libanês do Hezzbolah, Hassan Nasrallah, que luta ao lado do regime sírio, acusou a Arábia Saudita de bloquear qualquer solução política para o conflito. O reino saudita está "furioso porque a situação na Síria não pendeu a seu favor", declarou.
"Milhares de combatentes de todo o mundo foram enviados, ela financiou e deu armas (...) Tudo foi feito por aqueles que queriam derrubar o regime(...), mas não funcionou", insistiu o líder xiita.
A Liga Árabe anunciou nesta segunda uma "reunião extraordinária" de seus ministros das Relações Exteriores no Cairo em 3 de novembro para discutir o apoio à oposição síria e a realização da conferência de paz de Genebra 2.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia anunciou um novo pacote de 85 milhões de euros para programas de saúde na Síria, para ajudar os refugiados na Jordânia e apoiar os estudantes na Europa.
No terreno, o Exército assumiu o controle da aldeia cristã de Sadad, na província de Homs (centro), após vários dias de violentos combates contra rebeldes e jihadistas, informou a agência de notícias oficial SANA.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou a notícia.
Em Haia, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), encarregada de supervisionar a destruição do arsenal químico sírio, anunciou que seus peritos no local não conseguiram ter acesso "por razões de segurança" a dois dos 23 locais de produção e armazenamento de armas declarados pela Síria.
Esse foi o primeiro percalço neste processo inédito resultante de um acordo internacional para impedir uma ofensiva dos Estados Unidos em represália ao ataque químico de agosto perto de Damasco.
Mas, enquanto os combates e a violência continuam a provocar dezenas de mortes todos os dias na Síria, a comunidade internacional tenta encontrar uma solução política para o conflito.
Brahimi, que viajou a partir de Beirute de carro, chegou ao Hotel Sheraton, localizado no centro de Damasco, acompanhado pelo vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, no âmbito de um giro pela região para preparar esta conferência chamada de "Genebra-2".
Trata-se da primeira visita de Brahimi a Damasco desde dezembro de 2012. Na época, ele havia pedido uma mudança real na Síria e a formação de um governo de transição dotado de plenos poderes.
O emissário visitou todos os países da região, incluindo Turquia e Irã, à exceção da Arábia Saudita, hostil ao projeto russo-americano de Genebra-2.
"Após uma crise como essa, não podemos voltar atrás", declarou Brahimi em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no site do jornal Jeune Afrique. "O presidente Assad pede contribuir de forma útil para a transição a uma nova República da Síria", mas não pode governá-la.
No entanto, desde o acordo sobre a destruição do arsenal químico da Síria, Assad passou de "pária" para "parceiro", observou o diplomata argelino.
Sua missão parece extremamente difícil, principalmente após as ameaças de 20 grupos islamitas sírios que rejeitaram categoricamente a conferência de paz para encontrar uma saída política à guerra civil.
Os rebeldes ameaçaram levar os opositores que se atreverem a ir a Genebra aos tribunais por "traição", o que implica claramente que eles seriam executados.
Moscou classificou nesta segunda-feira essas ameaças de ultrajantes. "É ultrajante que algumas dessas organizações extremistas, terroristas que lutam contra as forças governamentais na Síria comecem a ameaçar (...) aqueles que têm a valentia" de participar destas negociações de paz, declarou na televisão o chanceler russo, Serguei Lavrov.
Para Thierry Pierret, um especialista em Islã na Síria, os grupos islamitas "representam uma faixa muito ampla da oposição armada, indo dos salafistas radicais da Frente Islâmica Síria até grupos muito mais moderados, que são pilares do Exército Sírio Livre".
"Portanto, cabe afirmar que a rejeição de Genebra-2 nas fileiras dos insurgentes é quase total (...) Uma parte importante da oposição política não vai correr o risco de participar de uma conferência que pode tirar dela o que resta de legitimidade ante os grupos armados", acrescentou.
Além disso, "mesmo que opositores participem de Genebra-2 e cheguem a um acordo, esse acordo não terá valor algum", disse.
Essa rejeição mais taxativa dos opositores surge no momento em que as relações entre Riad e Washington se deterioram depois de os Estados Unidos terem abortado o plano de atacar a Síria e iniciado uma aproximação com o Irã, grande inimigo da Arábia Saudita.
"Entre os signatários estão vários grupos pró-sauditas", afirma Thierry Pierret. "Os sauditas rejeitam a abordagem americana para o conflito sírio e fazem isso claramente".
No Líbano, o chefe do poderoso movimento xiita libanês do Hezzbolah, Hassan Nasrallah, que luta ao lado do regime sírio, acusou a Arábia Saudita de bloquear qualquer solução política para o conflito. O reino saudita está "furioso porque a situação na Síria não pendeu a seu favor", declarou.
"Milhares de combatentes de todo o mundo foram enviados, ela financiou e deu armas (...) Tudo foi feito por aqueles que queriam derrubar o regime(...), mas não funcionou", insistiu o líder xiita.
A Liga Árabe anunciou nesta segunda uma "reunião extraordinária" de seus ministros das Relações Exteriores no Cairo em 3 de novembro para discutir o apoio à oposição síria e a realização da conferência de paz de Genebra 2.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia anunciou um novo pacote de 85 milhões de euros para programas de saúde na Síria, para ajudar os refugiados na Jordânia e apoiar os estudantes na Europa.
No terreno, o Exército assumiu o controle da aldeia cristã de Sadad, na província de Homs (centro), após vários dias de violentos combates contra rebeldes e jihadistas, informou a agência de notícias oficial SANA.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou a notícia.