Agência France-Presse
postado em 29/10/2013 11:09
Washington - A Casa Branca, que enfrenta a ira europeia, prometeu conter as atividades de espionagem dos serviços de inteligência americanos, enquanto o presidente Barack Obama considerara proibir as escutas de líderes aliados. "Há esforços em andamento para melhorar a transparência e trabalhar com o Congresso a fim de encontrar a maneira de ter maior controle e conter as instituições envolvidas nos programas" de espionagem, afirmou na segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.Simultaneamente, o jornal The New York Times afirmou que Obama avalia declarar ilegais as escutas de conversas de líderes aliados, como, ao que parece, foi o caso durante anos com a chanceler alemã, Angela Merkel. E Washington continua gerando indignação entre os países europeus que foram alvos de espionagem. Dia após dia, a polêmica é alimentada por novas revelações sobre a magnitude das medidas de vigilância das comunicações por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA), as últimas contra a Espanha.
[SAIBAMAIS]Segundo o jornal espanhol El Mundo, a NSA espionou recentemente mais de 60 milhões de chamadas telefônicas em um mês na Espanha, que se somariam à longa lista de países europeus que foram vigiados, como França e Alemanha. Estas práticas, "se forem verdadeiras, são impróprias e inaceitáveis entre sócios e países amigos", afirmou o ministério das Relações Exteriores espanhol, onde foi convocado o embaixador americano em Madri, James Costos.
Confiança abalada
Uma delegação do Parlamento Europeu chegou na segunda-feira aos Estados Unidos para uma visita de três dias com o objetivo de conversar sobre o "impacto dos programas de vigilância sobre os direitos fundamentais dos cidadãos da UE". "Nossa confiança foi abalada", disse o alemão Elmar Brok, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento Europeu, acrescentando que "não é aceitável que, por exemplo, a chanceler Merkel e outros tenham sido espionados por mais de 10 anos".
A Casa Branca afirmou que as operações de vigilância tinham por objetivo a segurança dos americanos e desmentiu que as atividades da NSA tenham sido destinadas a reunir informação econômica. "Damos a eles direção política", afirmou Barack Obama em uma entrevista televisionada à rede ABC, Fusion, sobre a NSA. "Mas nos últimos anos vimos que esta capacidade segue se desenvolvendo e crescendo", declarou Obama com relação ao escândalo que explodiu com as revelações de Snowden. "É a razão pela qual pedi uma revisão (das operações) para assegurar que aquilo que somos capazes de fazer não significa necessariamente que devamos fazer", acrescentou o presidente, que, segundo o Fusion, se negou a falar sobre a vigilância das comunicações da chanceler alemã.
A senadora democrata Dianne Feinstein, aliada política de Obama, foi mais enfática: "Em relação à captação de inteligência sobre líderes aliados dos Estados Unidos - incluindo França, Espanha, México e Alemanha - digo claramente: me oponho totalmente". Na Alemanha, onde as revelações sobre a suposta espionagem de um telefone celular da chanceler Angela Merkel tiveram um impacto forte e negativo, os deputados se reunirão em 18 de novembro em uma sessão extraordinária para conversar sobre o tema.
A revista Der Spiegel, que havia revelado suspeitas do governo federal sobre o assunto, afirmou que o presidente Obama estava ciente desde 2010 deste programa de vigilância, o que foi desmentido pela NSA no domingo. A Alemanha enviará nesta semana aos Estados Unidos uma delegação de funcionários de alto escalão de seus serviços de espionagem para "avançar nas discussões com a Casa Branca e a NSA sobre as acusações lançadas recentemente", segundo o porta-voz adjunto da chancelaria, Georg Streiter.