Agência France-Presse
postado em 29/10/2013 12:05
Tóquio - China e Japão recorreram nos últimos dias a termos como "paz" e "guerra", que não utilizavam há 12 meses para mencionar uma disputa territorial, o que pode antecipar uma escalada entre os dois países. Nesta terça-feira (29/10), o ministro da Defesa japonês declarou que as incursões marítimas chinesas em águas japonesas ao redor das ilhas Senkaku ameaçam a paz. Pequim reivindica o arquipélago do mar da China oriental administrado por Tóquio com o nome de Diaoyu.[SAIBAMAIS]"Penso que as incursões da China nos territórios (águas territoriais) em torno das ilhas Senkaku constituem uma zona cinza entre tempos de paz e uma situação de urgência", declarou Itsunori Onodera à imprensa. O ministro fez o comentário um dia depois de uma nova incursão de navios da guarda costeira chinesa nesta área sensível, centro de uma disputa entre os dois países. No sábado, ao recordar que aviões militares japoneses haviam decolado para vigiar aeronaves chinesas, o ministério da Defesa da China citou um "ato de guerra" e advertiu o governo de Tóquio a não atuar contra aviões de Pequim.
"Teríamos que responder com medidas firmes e todas as consequências recairiam na parte responsável pela provocação", afirmou o ministério chinês. Também no sábado, durante um desfile das Forças de Autodefesa (SDF), nome oficial do exército nipônico, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe advertiu: "Não vamos tolerar nenhuma mudança pela força do status quo do arquipélago". A China revelou imagens de sua frota secreta de submarinos nucleares, em uma demonstração de força que os meios de comunicação públicos justificam em nome das disputas marítimas.
Alguns jornais oficiais dedicaram nesta terça-feira a primeira página à frota de submarinos chineses e a televisão centrou boa parte dos noticiários durante dois dias às manobras das embarcações. Além da economia, "a supremacia chinesa se reflete na posse de um arsenal nuclear de segundo ataque (capacidade de resposta) crível. O que alguns países não levam suficientemente em consideração quando elaboram sua política em relação à China", considerou o jornal Global Times, famoso pelo tom nacionalista. Administradas pelo Japão, as ilhas Senkaku/Diaoyu ficam 200 km ao nordeste da costa de Taiwan, que também reivindica o arquipélago, e 400 km ao oeste da ilha de Okinawa (sul do Japão).
Além da localização estratégica, os países acreditam que o arquipélago pode ser uma grande fonte de combustíveis. A nacionalização por Tóquio de três das cinco ilhas do arquipélago em setembro de 2012 provocou uma semana de manifestações antijaponesas, algumas violentas, em várias cidades chinesas. Desde então, Pequim envia barcos com frequência para patrulhar a região e Tóquio está formando uma força especial para defender "seu" arquipélago.
O aumento do número de navios com armamento na região provoca temores, em particular do governo dos Estados Unidos, de um grave incidente entre as potências asiáticas. Tóquio denuncia regularmente o "comportamento perigoso" da China e se inquieta com o crescente potencial marítimo do vizinho. Em um clima de tensão, Tóquio vai realizar manobras aeronavais importantes para reforçar, e provavelmente demonstrar aos vizinhos, a capacidade de defesa de suas ilhas.