Mundo

Governo de Damasco afirma que povo sírio deve escolher seus dirigentes

Agência France-Presse
postado em 29/10/2013 21:54
Damasco - O governo em Damasco afirmou nesta terça-feira que o povo sírio é que deve eleger seus dirigentes, rejeitando os apelos para que o presidente Bashar al Assad entregue o poder visando uma solução política durante a conferência de paz Genebra 2.

"A Síria participará de Genebra 2 partindo do princípio do direito exclusivo do povo sírio de decidir seu futuro político, de eleger seus dirigentes e de rejeitar qualquer forma de intervenção externa", declarou o ministro de Relações Exteriores, Walid Mualem, citado pela agência oficial de notícias Sana.

"O diálogo se fará entre sírios", insistiu Mualem durante reunião com o emissário especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi. Mualem também denunciou a declaração de 22 de outubro do grupo de "Amigos da Síria", que reúne os países que apoiam à oposição, na qual se afirma que Assad não terá "qualquer papel" no futuro governo sírio.

Brahimi informou que está em Damasco para preparar "uma conferência para o diálogo entre as partes sírias" e afirmou que "apenas os sírios decidirão o futuro de seu país". O emissário destacou o caráter sírio da conferência um dia após a publicação da entrevista no site Jeune Afrique sobre a intenção de Assad de concorrer às eleições presidenciais de 2014.

"Os que a história nos ensina é que, após uma crise como esta, não se pode dar marcha a ré. O presidente Assad pode contribuir com a transição entre a Síria de antes, que é a do seu pai [presidente Hafez al-Assad] e a sua, que chamo de nova República da Síria". Na falta de um acordo político, "o que mais ameaça a Síria (...) é uma espécie de ;somalização;, mais duradoura e ainda mais profunda do que a observada na Somália".

Após as declarações de Brahimi, a Coalizão Nacional de Oposição síria insistiu em que "o problema real é o regime de Assad, que não pode fazer parte da solução". O regime busca "fazer perdurar o conflito (...) para manter indefinidamente o poder", denunciou a Coalizão, que pediu a todas as partes, incluindo Brahimi, "pressionar o regime" para "obrigá-lo a aceitar as demandas do povo sírio".

Assad destituiu nesta terça o vice-primeiro-ministro Qadri Jamil, um ex-opositor que havia entrado para o governo. "Um decreto presidencial destituiu Qadri Jamil por estar ausente de seu posto sem autorização por não cumprir com seu dever de vice-primeiro-ministro encarregado dos assuntos econômicos", informou a agência oficial SANA.

Além disso, Jamil realizou "atividades e reuniões fora do país sem coordenação com o governo", assinala o comunicado. Aparentemente, no sábado passado, Jamil se reuniu em Genebra com o embaixador americano Robert Ford, que é encarregado dos assuntos relacionados com a Síria.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação