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Ideólogo processado por crimes contra a humanidade pede absolvição

A acusação também pediu a prisão perpétua para outro dirigente do Khmer Vermelho, o ex-presidente da "Kampuchea Democrática" Khieu Samphan

Agência France-Presse
postado em 31/10/2013 09:30
Phnom Penh - O ideólogo do regime Khmer Vermelho, Nuon Chea, processado por crimes contra a humanidade, pediu nesta quinta-feira (31/10) em seu julgamento que seja absolvido, mas reconheceu a "responsabilidade moral" nas atrocidades de um governo que exterminou dois milhões de pessoas entre 1975 e 1979.

[SAIBAMAIS]A promotoria pediu na semana passada a prisão perpétua, pena máxima contemplada pelo tribunal que tem o apoio da ONU em Phnom Penh, a capital do Camboja. A acusação também pediu a prisão perpétua para outro dirigente do Khmer Vermelho, o ex-presidente da "Kampuchea Democrática" Khieu Samphan, de 82 anos. "Durante o processo ficou demonstrado claramente que eu não ordenei nenhum crime, ao contrário do que dizem os promotores. Em poucas palavras, sou inocente das acusações", declarou Nuon Chea, de 87 anos, no último dia do processo.



"Peço respeitosamente que me absolvam de todas as acusações e me libertem", completou o acusado, antes de admitir, no entanto, certa responsabilidade. "Queria expressar meus mais profundos remorsos e minha responsabilidade moral às vítimas e ao povo cambojano, pelo que sofreram", disse Nuon Chea. Os promotores descreveram na semana passada o papel "primordial" dos dois acusados no regime comunista totalitário de Pol Pot, que matou 25% da população do país, por esgotamento, fome, execução ou sob tortura.

Com o objetivo de emitir ao menos um veredicto antes da morte dos acusados, o processo por crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio foi dividido em várias partes. O primeiro "miniprocesso", que acaba de terminar, estava centrado nos "crimes contra a humanidade" dos deslocamentos forçados da população, quando o Khmer Vermelho esvaziou as cidades com a utopia de criar uma sociedade totalmente agrária, sem cidadãos urbanos ou dinheiro.

Em uma das maiores migrações forçadas da era moderna, os dois milhões de habitantes da capital foram obrigados a trabalhar em granjas coletivistas. Mas Nuon Chea afirmou nesta quinta-feira que a saída de Phnom Penh no foi forçada e aconteceu de forma "voluntária, sem coerção, violência ou assassinatos". O veredicto é aguardado para o primeiro semestre de 2014.

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