Agência France-Presse
postado em 31/10/2013 17:06
O governo da Colômbia e a guerrilha comunista das Farc anunciaram nesta quinta-feira (31/10) que vão prolongar por dois dias o atual ciclo de negociações de paz em Havana, em um sinal de um possível acordo sobre o segundo dos cinco itens na agenda."As delegações do Governo e das Farc informaram que, com o objetivo de avançar nas discussões e na construção de acordos sobre o segundo item da agenda, concordaram em prolongar este ciclo a partir de hoje até a próxima segunda-feira", informaram em um comunicado conjunto. O ciclo atual, o 16;, deve ser concluído neste sábado (2/11).
O comunicado lido à imprensa pelo delegado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Marco Antonio Calarcá, no Palácio das Convenções de Havana, onde são realizadas as conversas, foi confirmado minutos depois pelo negociador-chefe do governo, Humberto De la Calle.
"Queremos confirmar que, junto com a delegação da guerrilha, decidimos estender a duração deste ciclo por alguns dias, até o dia 4 de novembro, sem pausas de qualquer tipo", explicou De la Calle a repórteres.
"A intenção é continuar buscando um acordo em relação ao item dois da pauta de negociações, sobre a participação cidadã", afirmou De la Calle, referindo-se ao tema que é discutido há quase cinco meses.
Chegar a um consenso a respeito de um novo item na agenda é crucial para o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que vai tentar uma reeleição em 2014. A popularidade do presidente vem caindo nas últimas semanas devido à falta de progresso nas negociações de paz, entre outras causas.
Quanto à participação política, as duas partes pretendem estabelecer diretrizes para a guerrilha aderir ao sistema político colombiano, assim que deixarem as armas. Rumores indicam que haveria uma lei para garantir uma representação da guerrilha no Congresso colombiano, independentemente de eleições.
Os guerrilheiros e o governo iniciaram as negociações de paz em novembro de 2012, com o objetivo de acabar com um conflito armado que já dura meio século, mas até agora só chegaram a um consenso a respeito do primeiro item da agenda, a questão agrária, que levou à criação das Farc, em 1964.
Em 19 de novembro será completado um ano do início das negociações em Havana. O presidente colombiano esperava, no início do processo, que até essa data um acordo de paz estivesse sido selado, levando à desmobilização das FARC, o maior grupo guerrilheiro da Colômbia, com cerca de 8.000 combatentes.
O movimento conservador do ex-presidente Alvaro Uribe (2002-2010), que se tornou o principal crítico de Santos, seu ex-braço direito, se opõe ao processo de paz e pretende voltar a uma estratégia de guerra.
"Somos otimistas e acreditamos que estamos no caminho certo. Estamos fazendo todos os esforços" para alcançar um acordo de paz, afirmou Calarcá, que elogiou a mensagem enviada quarta-feira por De la Calle a empresários colombianos pedindo-lhes para apoiar o processo de paz.
"A mensagem de De la Calle nos incentiva", disse Calarcá, acrescentando que "é importante para a sociedade como um todo" apoiar o processo de paz.
No sábado, Santos pediu para que as Farc acelerassem o passo para "avançar nos acordos". Em resposta, o chefe da delegação guerrilheira, Ivan Marquez, disse que o regime "deve parar de colocar obstáculos desnecessários para cada proposta que fazemos".
Na agenda, ainda há questões relacionadas às drogas ilícitas, à reparação às vítimas e ao desarmamento dos rebeldes, assim como a discussão dos mecanismos para que um eventual acordo vá a referendo.