Agência France-Presse
postado em 02/11/2013 08:39
Na segunda-feira, segundo a polícia, três uigures da mesma família, moradores da região majoritariamente muçulmana de Xinjiang (oeste), avançaram com um jipe lotado de galões de gasolina contra a entrada da Cidade Proibida, em um ataque suicida que matou os autores, outras duas pessoas e deixou quase 40 feridos.
A televisão estatal CCTV estimou sexta-feira à noite nas redes sociais que este atentado, planejado desde setembro, custou um total de 40.000 iuanes (4.861 euros). A CCTV afirma que o grupo de oito "terroristas" responsável pelo ataque possuía armas - incluindo "facas tibetanas e 400 litros de gasolina" -- e teria se hospedado em um hotel no oeste de Pequim, antes de cinco entre eles voltarem para Urumqi, capital de Xinjiang.
[SAIBAMAIS]Os três uigures que ficaram para cometer o atentado utilizaram um veículo 4X4 Mercedes. Foi nos arredores da Praça Tiananmen que milhares de pessoas morreram na repressão do movimento de 1989, quando o Partido Comunista enviou tanques do exército para acabar com sete semanas de manifestações, que foram chamadas pelo regime de "revolta contrarrevolucionária".
Desde então, a polícia está permanentemente mobilizada nesta imensa esplanada, onde também se encontram a entrada da Cidade Proibida, o mausoléu de Mao e o Palácio do Povo. Mais de 50 pessoas foram detidas em Xinjiang, onde vivem milhões de muçulmanos, informou um grupo de defesa dos direitos uigures.
Os uigures, muçulmanos de língua turca e principal etnia de Xinjiang, afirmam que sofrem com uma política repressiva contra sua religião, língua e cultura. Um porta-voz do Congresso Mundial Uigur, Dilshat Rexit, afirmou neste sábado (2/11) em um e-mail que 53 pessoas foram presas nesta região autônoma chinesa nos confins da Ásia central durante operações policiais nos últimos dois dias.
Um grupo islâmico, o Etim, classificado como terrorista pelas Nações Unidas, teria "apoiado" o ataque à Praça da Paz Celestial, garantiu esta semana o chefe da segurança chinesa, Meng Jianzhu. Uma afirmação questionada por especialistas, que apontam para a natureza artesanal do ataque e da falta de redutos fundamentalistas muçulmanos na China.
Sem mencionar o Etim, a CCTV acrescentou que as oito pessoas de Xinjiang "decidiram aderir a um grupo terrorista" em setembro. Os nomes dos suspeitos divulgados pela polícia sugerem que eles pertencem à comunidade uigur.
A grande região autônoma de Xinjiang, situada no extremo oeste da China, registra com frequência distúrbios relacionados à tensão entre Han (etnia majoritária na China) e uigures. As autoridades acusam com regularidade os militantes uigures de "terrorismo". Mas para as organizações uigures, essas afirmações servem apenas de pretexto para justificar a repressão policial nesta região.