Agência France-Presse
postado em 04/11/2013 18:59
Washington - Médicos e enfermeiras encarregados de monitorar a saúde dos detentos suspeitos de terrorismo foram cúmplices nos abusos cometidos em prisões do Pentágono e da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) - informou um relatório independente divulgado nesta segunda-feira (4/11).
O Departamento de Defesa e a CIA pediram ao pessoal da área de saúde que "colaborasse na coleta de Inteligência e nas práticas de segurança, de modo que se infligisse danos severos nos detentos sob custódia dos Estados Unidos" - de acordo com um estudo de dois anos realizado pelo Institute on Medicine as a Profession.
Os profissionais médicos ajudaram na concepção, permitiram e participaram de "tortura e tratamento cruel, desumano e degradante" dos detentos - ainda segundo o documento.
A colaboração nos presídios americanos no Afeganistão, em Guantánamo e nas instalações secretas de detenção da CIA começou após os ataques do 11 de Setembro.
"Está claro que, em nome da segurança nacional, o Exército excedeu (o Juramento hipocrático, base da profissão), e os médicos foram transformados em agentes do Exército e atuaram contrariamente à ética e à prática médicas", afirmou o coautor Gerald Thomson, professor Emérito de Medicina na Columbia University.
O Juramento de Hipócrates é um compromisso assumido pelos médicos de que exercerão a profissão de maneira ética e honesta.
O estudo, feito por especialistas militares, médicos, jurídicos, em ética e em saúde pública, pede ao Comitê de Inteligência do Senado americano uma investigação completa das práticas médicas nos presídios.
O coautor Leonard Rubenstein, da Johns Hopkins University, concentrou-se na alimentação forçada dos grevistas de fome em Guantánamo, assim como no uso, por parte dos agentes da CIA, dos desumanos métodos de interrogatório, que incluiu a simulação de afogamento em instalações secretas.
No estudo, os pesquisadores pedem ao Pentágono e à CIA que sigam padrões de conduta que permitam ao pessoal médico aderir aos princípios éticos para poder, depois, curar os detentos. Os dois organismos rejeitam as informações do relatório.
De acordo com o responsável pelas Relações Públicas da CIA, Dean Boyd, o informe "contém sérias imprecisões e conclusões equivocadas".
"É importante enfatizar que a CIA não tem nenhum detento sob sua custódia e que o presidente (Barack) Obama encerrou o Programa de Rendição, Detenção e Interrogatório por uma ordem executiva em 2009", declarou Boyd.
Obama assinou a ordem executiva pouco depois de tomar posse, em 2009. O texto proibiu as técnicas de interrogatório usadas no governo de seu antecessor George W. Bush. Críticos alegavam que se tratava, na verdade, de práticas de tortura.
Embora o presidente não tenha proibido rendições extraordinárias, novas regras evitam a tortura de suspeitos antes de serem transferidos para um outro país, onde serão interrogados, julgados, ou continuarão presos.
Obama também estabeleceu uma força tarefa para revisar as políticas de interrogatório e de transferência e fez recomendações. O relatório de 2009 continua, porém, confidencial.
O porta-voz do Pentágono, Todd Breasseale, disse que nenhum dos críticos ao tratamento dado aos presos "teve, de fato, acesso aos detentos e a seu histórico médico", ou aos procedimentos em Guantánamo.
De acordo com Breasseale, os médicos e as enfermeiras de Guantánamo são "excelentes profissionais trabalhando sob condições terrivelmente estressantes, longe de casa e de suas famílias, e com pacientes que têm sido extraordinariamente violentos".
Esses médicos e enfermeiras "fornecem, cotidianamente, não apenas um melhor atendimento médico do que qualquer um desses detentos já teve, como atendem de acordo com o melhor da profissão médica como um todo", garantiu.
As alegações de cumplicidade dos profissionais de saúde com os abusos nas prisões não são novidade. Em 2009, o grupo Physicians for Human Rights anunciou que os médicos estavam dirigindo as técnicas de interrogatório da CIA em um esforço para melhorar sua eficácia. Segundo o grupo, a prática levou a "experimentações ilegais" dos detentos, que eram tratados como cobaias humanas.
O Departamento de Defesa e a CIA pediram ao pessoal da área de saúde que "colaborasse na coleta de Inteligência e nas práticas de segurança, de modo que se infligisse danos severos nos detentos sob custódia dos Estados Unidos" - de acordo com um estudo de dois anos realizado pelo Institute on Medicine as a Profession.
Os profissionais médicos ajudaram na concepção, permitiram e participaram de "tortura e tratamento cruel, desumano e degradante" dos detentos - ainda segundo o documento.
A colaboração nos presídios americanos no Afeganistão, em Guantánamo e nas instalações secretas de detenção da CIA começou após os ataques do 11 de Setembro.
"Está claro que, em nome da segurança nacional, o Exército excedeu (o Juramento hipocrático, base da profissão), e os médicos foram transformados em agentes do Exército e atuaram contrariamente à ética e à prática médicas", afirmou o coautor Gerald Thomson, professor Emérito de Medicina na Columbia University.
O Juramento de Hipócrates é um compromisso assumido pelos médicos de que exercerão a profissão de maneira ética e honesta.
O estudo, feito por especialistas militares, médicos, jurídicos, em ética e em saúde pública, pede ao Comitê de Inteligência do Senado americano uma investigação completa das práticas médicas nos presídios.
O coautor Leonard Rubenstein, da Johns Hopkins University, concentrou-se na alimentação forçada dos grevistas de fome em Guantánamo, assim como no uso, por parte dos agentes da CIA, dos desumanos métodos de interrogatório, que incluiu a simulação de afogamento em instalações secretas.
No estudo, os pesquisadores pedem ao Pentágono e à CIA que sigam padrões de conduta que permitam ao pessoal médico aderir aos princípios éticos para poder, depois, curar os detentos. Os dois organismos rejeitam as informações do relatório.
De acordo com o responsável pelas Relações Públicas da CIA, Dean Boyd, o informe "contém sérias imprecisões e conclusões equivocadas".
"É importante enfatizar que a CIA não tem nenhum detento sob sua custódia e que o presidente (Barack) Obama encerrou o Programa de Rendição, Detenção e Interrogatório por uma ordem executiva em 2009", declarou Boyd.
Obama assinou a ordem executiva pouco depois de tomar posse, em 2009. O texto proibiu as técnicas de interrogatório usadas no governo de seu antecessor George W. Bush. Críticos alegavam que se tratava, na verdade, de práticas de tortura.
Embora o presidente não tenha proibido rendições extraordinárias, novas regras evitam a tortura de suspeitos antes de serem transferidos para um outro país, onde serão interrogados, julgados, ou continuarão presos.
Obama também estabeleceu uma força tarefa para revisar as políticas de interrogatório e de transferência e fez recomendações. O relatório de 2009 continua, porém, confidencial.
O porta-voz do Pentágono, Todd Breasseale, disse que nenhum dos críticos ao tratamento dado aos presos "teve, de fato, acesso aos detentos e a seu histórico médico", ou aos procedimentos em Guantánamo.
De acordo com Breasseale, os médicos e as enfermeiras de Guantánamo são "excelentes profissionais trabalhando sob condições terrivelmente estressantes, longe de casa e de suas famílias, e com pacientes que têm sido extraordinariamente violentos".
Esses médicos e enfermeiras "fornecem, cotidianamente, não apenas um melhor atendimento médico do que qualquer um desses detentos já teve, como atendem de acordo com o melhor da profissão médica como um todo", garantiu.
As alegações de cumplicidade dos profissionais de saúde com os abusos nas prisões não são novidade. Em 2009, o grupo Physicians for Human Rights anunciou que os médicos estavam dirigindo as técnicas de interrogatório da CIA em um esforço para melhorar sua eficácia. Segundo o grupo, a prática levou a "experimentações ilegais" dos detentos, que eram tratados como cobaias humanas.