Mundo

Yuan circula fora da China e busca se transformar em uma divisa mundial

Reforma mais emblemática da zona de livre comércio de Xangai, colocada em funcionamento em setembro, é a livre conversibilidade do yuan, que permitirá, pela primeira vez, comprar e vender esta divisa sem restrições

Agência France-Presse
postado em 05/11/2013 17:16
Pequim - Graças aos acordos bilaterais, a China está fomentando a circulação do yuan fora de suas fronteiras com o objetivo de favorecer as trocas e de transformar a sua moeda, a médio prazo, em uma das grandes divisas mundiais.

A reforma mais emblemática da zona de livre comércio de Xangai, colocada em funcionamento em setembro, é a livre conversibilidade do yuan, que permitirá, pela primeira vez, comprar e vender esta divisa sem restrições. Embora ainda não haja calendário, o projeto faz parte do plano das autoridades chinesas para reforçar o renminbi, a "moeda do povo", como o yuan também é conhecido.

"As autoridades redobraram seus esforços para aumentar o atrativo do yuan nos mercados internacionais", afirma Wang Qinwei, analista da Capital Economics, em referência ao acordo de troca de divisas com a Grã-Bretanha assinado em outubro.

O acordo permite que as instituições de Londres intervenham diretamente em yuanes na China, com um máximo inicial de 80 bilhões de yuanes (9,6 bilhões de euros) e evitar ter que passar por Hong Kong. A China também assinou um acordo similar com Cingapura para investimentos de um total de 50 bilhões de dólares.

[SAIBAMAIS]O Banco Central Chinês (PBOC) anunciou, além disso, no dia 10 de outubro, um acordo de troca de divisas com o Banco Central Europeu (BCE) de 350 bilhões de yuanes (45 bilhões de dólares) que facilitará o acesso da moeda chinesa aos bancos da zona do euro.

Trata-se de "sinais importantes" a poucos dias da reunião anual da cúpula do partido comunista chinês, apesar de "não haver esperança de mudanças espetaculares a curto prazo", disse Zhao Longkai, da escola de negócios Guanghua da Universidade de Pequim.

Leia mais notícias em Mundo

As autoridades são "prudentes" porque "querem continuar controlando o valor de sua divisa", afirma este professor. Desde janeiro, o yuan ganhou mais de 2% frente ao dólar e se aproximou nas últimas semanas da barreira de seis yuanes por dólar, um recorde desde 1994.

"O bloqueio orçamentário nos EUA e a incerteza sobre a política do Federal Reserve norte-americano favoreceu o reforço do renminbi" disse Jiang Shu, um analista chinês do Industrial Bank, embora acredite que a moeda não continuará subindo porque prejudicaria as exportações do país.

Competir com o dólar

O interesse dos investidores pelo yuan aumenta e a moeda chinesa se transformou em 2013 na oitava mais negociada no mundo (1,49% da participação de mercado em agosto nos mercados de divisas), superando o rublo e o won sul-coreano, segundo a sociedade financeira Swift. Entre janeiro de 2012 e agosto de 2013 o volume de troca do yuan se multiplicou por dois, indica Swift. A maioria das trocas (fora da China e Honk Kong) realizaram em Londres (62%), Estados Unidos (13%) e França (10%).

No final de 2020 o yuan poderia se transformar na quarta divisa mais utilizada no mundo como sistema de pagamento, informa o economista Stephen Green de Standard Chartered.

"As trocas comerciais da China se duplicarão até 2020 e a proporção das negociações em yuanes também, até alcançar 28%", afirma. Além dos benefícios econômicos, a internacionalização do yuan também é um sinal da ambição do poder chinês para competir com o dólar.

As imensas reservas chinesas continuam dependendo das flutuações do dólar e a agência oficial Xinhua fez recentemente um pedido para "desamericanizar" a economia mundial e favorecer a aparição de "uma nova divisa de reserva" que ponha fim à dominação norte-americana.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação