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Ex-chanceler voltará ao governo de Israel após absolvição em caso de fraude

Três juízes do tribunal de Jerusalém consideraram que Lieberman teve uma "conduta inapropriada, mas que não justifica uma condenação"

Agência France-Presse
postado em 06/11/2013 10:48
Jerusalém - O ex-ministro das Relações Exteriores de Israel Avigdor Lieberman, um ultranacionalista, voltará ao governo depois de ter sido absolvido das acusações de fraude e abuso de confiança que o levaram a renunciar há 11 meses. "Eu o felicito por sua absolvição por unanimidade e por seu retorno ao governo para que possamos trabalhar juntos pelo bem de Israel", afirmou em um comunicado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O ex-ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman (C) entra em tribunal de Jerusalém para ouvir o veredicto das acusações de corrupção
Um painel de três juízes do tribunal de Jerusalém considerou que Lieberman teve uma "conduta inapropriada, mas que não justifica uma condenação". O assessor jurídico do governo Yehuda Weinstein, que também atua como procurador-geral, tem a possibilidade de apelar da decisão. Mas a rádio pública destacou que o dirigente de ultradireita, que nos últimos meses presidiu a comissão de Defesa e Relações Exteriores, pode "retomar as funções de ministro das Relações Exteriores a partir desta quarta-feira".

"Já deixei este assunto para trás, agora vou me concentrar nos muitos desafios que nos esperam", declarou Lieberman. Em seguida foi rezar no Muro das Lamentações. A rádio militar considerou o retorno de Lieberman ao governo um "duro golpe" para o secretário de Estado americano, John Kerry, que desembarcou na região na terça-feira (5/11) para tentar salvar as paralisadas negociações de paz entre Israel e palestinos.

Os palestinos afirmaram na terça-feira que se recusam a continuar com as negociações enquanto Israel prosseguir com a colonização nos territórios ocupados. O governo israelense anunciou no domingo licitações para construir quase duas mil casas destinadas a colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental.



[SAIBAMAIS]A rádio militar recordou que Lieberman não acredita na possibilidade de acordo com os palestinos e não quer negociar com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. Na política interna, após a absolvição, Lieberman poderia tentar disputar com Netanyahu a liderança dos setores mais intransigentes, contrários a qualquer tipo de concessão aos palestinos.

Em 24 de novembro, o partido ultranacionalista laico Yisrael Beitenu, liderado por Lieberman, vai decidir sobre uma possível fusão com o Likud de Netanyahu ou um afastamento. O Yisrael Beitenu tem 10 deputados dos 120 do Parlamento. O Likud tem 21. Em 14 de dezembro de 2012, um dia depois de seu indiciamento, Lieberman anunciou a renúncia com a esperança de ser absolvido e poder retornar ao governo.

Avigdor Lieberman era acusado de ter nomeado Zeev Ben, embaixador israelense em Belarus, para o posto de embaixador da Letônia em troca de informação policial confidencial em uma investigação contra ele. Ele sempre alegou inocência e prometeu abandonar o cargo se fosse condenado.

Avigdor Lieberman nasceu na república soviética da Moldávia. Emigrou em 1978 para Israel, onde se filiou ao Likud, partido no qual chegou à cúpula do poder, antes de criar em 1999 o próprio partido nacionalista. Nos anos 2000 fez declarações polêmicas, como a que defendeu o bombardeio da represa de Asuan para inundar o Egito - o primeiro país árabe a assinar um acordo de paz com Israel - em caso de apoio à Intifada palestina.

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