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Complexas discussões sobre programa nuclear do Irã seguem em Genebra

"A outra parte aceitou o marco proposto pelo Irã, ou seja, o primeiro passo, o último passo e os passos intermediários. Agora, podemos discutir os detalhes", declarou o vice-chanceler

Agência France-Presse
postado em 07/11/2013 17:23
Discussões "extremamente complexas" sobre o polêmico programa nuclear do Irã acontecem nesta quinta-feira (7/11) em Genebra, com a análise de uma proposta iraniana em troca do relaxamento das sanções econômicas ao país.

"A outra parte aceitou o marco proposto pelo Irã, ou seja, o primeiro passo, o último passo e os passos intermediários. Agora, podemos discutir os detalhes", declarou o vice-chanceler e chefe da delegação de negociadores iranianos, Abas Aragshi, em entrevista à televisão estatal.

Estão previstas sessões plenárias e reuniões em separado. Depois disso, virá a tentativa de redigir um texto conjunto entre o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, e Catherine Ashton, a alta representante da União para Política Externa e de Segurança, que preside as discussões, acrescentou Aragchi.

"Um trabalho difícil nos espera. As posições das duas partes têm diferenças importantes e não será fácil aproximar essas posições", afirmou.

"O importante é que as duas partes têm a vontade de conseguir", frisou Aragchi, considerando que ainda não é possível saber se os pontos de vista se aproximam.

Em conversa com a imprensa iraniana, o chanceler iraniano destacou que "a suspensão do enriquecimento (de urânio) é nossa linha vermelha".

"O enriquecimento, não há dúvida, continuará no Irã", ressaltou Aragchi, citado pela agência de notícias iraniana ISNA.

Os negociadores do Irã e do grupo 5%2b1 (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) estão reunidos para tentar por fim a cerca de dez anos de confronto em torno desse programa.

"As discussões são extremamente complexas e, agora, entram em uma fase séria", afirmou Michael Mann, porta-voz de Ashton.

"A primeira sessão foi boa", declarou, referindo-se a uma reunião plenária nesta quinta de manhã e que durou cerca de 45 minutos. As discussões incluem uma parte política e uma parte técnica, lembrou Mann. O porta-voz acrescentou que os participantes concordaram em não divulgar seu conteúdo por enquanto.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta que aceitar a proposta sobre o programa nuclear iraniano apresentado por Teerã às grandes potências será um "erro histórico".



"Essa proposta permite ao Irã manter a capacidade de fabricar armas nucleares", alegou Netanyahu.

"Acho que aceitá-la seria um erro de magnitude histórica. Deve-se rejeitar de imediato", acrescentou, reafirmando que "Israel continua se reservando o direito de se defender, por seus próprios meios, contra qualquer ameaça".

Pouco antes, uma autoridade israelense que pediu para não ser identificada havia dito à AFP que, "nas últimas horas, Israel soube que será feita uma proposta aos 5%2b1 em Genebra, segundo a qual Irã cessará todas suas atividades de enriquecimento (de urânio) a 20% e desacelerará seus trabalhos sobre o reator de água pesada de Arak, em troca de que as sanções sejam suavizadas".

"Israel acredita que se trata de um acordo ruim e vai se opor energicamente", acrescentou.

Uma nova reunião bilateral entre Ashton e o chanceler iraniano, Javad Zarif, estava prevista para esta quinta à tarde. Zarif anulou uma viagem à Itália para estar presente no encontro.

Os negociadores estão sob pressão, com o Congresso americano cada vez mais impaciente e ansioso para endurecer as sanções econômicas contra o Irã. Já em Teerã a ala dura do regime se opõe a qualquer concessão sobre o enriquecimento de urânio, considerado um direito. Além disso, suspeitam das intenções americanas.

Os ocidentais e Israel estão decididos a impedir o programa iraniano de enriquecimento de urânio, diante da suspeita de que está destinado a fabricar uma arma atômica. O Irã nega e insiste em seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse ao canal I-télé que a negociação "avançará apenas se o Irã aceitar fazer as concessões que está sendo pedidas pela comunidade internacional".

Segundo Fabius, a França e os outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU pensam que o Irã "pode ter perfeitamente o direito de empregar a energia nuclear civil, mas não a bomba atômica".

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