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Kerry alerta para aumento da violência no Oriente Médio sem acordo de paz

O primeiro levante palestino contra a ocupação israelense aconteceu de 1987 a 1993, e foi seguido por uma segunda revolta, que se arrastou do final do ano 2000 até 2005

Agência France-Presse
postado em 07/11/2013 18:52
O secretário de Estado americano, John Kerry, lançou um sombrio alerta a Israel nesta quinta-feira, ressaltando que o fracasso no processo de paz com os palestinos poderá deflagrar uma nova e sangrenta revolta na região.

"A alternativa ao retorno às conversações é o potencial do caos", afirmou Kerry, em entrevista conjunta ao israelense Channel 2 e à emissora Palestinian Broadcasting Corporation. "Quero dizer, Israel quer uma terceira Intifada?", questionou Kerry, usando a palavra em árabe para "revolta".

O primeiro levante palestino contra a ocupação israelense aconteceu de 1987 a 1993, e foi seguido por uma segunda revolta, que se arrastou do final do ano 2000 até 2005. Nesse último período, estima-se que cerca de 3.000 palestinos e mil civis e soldados israelenses tenham morrido.

Kerry fez essas declarações em sua sétima viagem a Israel e à Cisjordânia, em nova tentativa de retomar as difíceis negociações entre israelenses e palestinos.

Depois de mais de dez horas de viagens diplomáticas entre Jerusalém e a cidade de Belém (Cisjordânia) na quarta-feira, o secretário americano voou para Amã para reuniões com os dirigentes jordanianos.

"Obtivemos progressos significativos nas nossas discussões sobre alguns dos temas preocupantes", disse Kerry à imprensa em Amã, depois de se reunir com o rei Abdullah II e com o ministro das Relações Exteriores jordaniano, Naser Judeh.

As discussões diretas entre as equipes de negociadores foram interrompidas na terça. A pausa foi provocada pelo mal-estar com as iniciativas israelenses de lançar licitações, na semana passada, para construir mais de 3.700 novas casas para os colonos.

Kerry se negou a dar detalhes sobre seus progressos, respeitando o compromisso adotado por todas as partes de que as negociações serão realizadas sem revelações públicas.

Todos os líderes estão começando a "trazer ideias", disse Kerry, mostrando "qual margem de manobra eles têm e quais possibilidades existem para outra alternativa, ou para algo que ainda não tenha sido pensado".

O rei Abdullah II elogiou Kerry por ganhar a confiança da comunidade internacional e disse que suas garantias são fundamentais para garantir o êxito do processo de paz no Oriente Médio.

Mais tarde, Kerry teve outra rodada de conversas com o presidente palestino, Mahmud Abbas, desta vez, em Amã.



De volta a Jerusalém

Em meio a seus esforços para resolver os problemas pendentes, Kerry se prepara para retornar a Jerusalém nesta sexta. Ele terá um café da manhã de trabalho com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Esse encontro não estava previsto em seu programa inicial.

Ainda não se sabe se Kerry voltará para a capital jordaniana, onde deve passar a noite antes de partir, conforme planejado, para os Emirados Árabes Unidos no sábado.

Apesar das quase 20 reuniões em três meses, as conversas de paz correm o risco de fracassar, a menos que aconteça uma intervenção decisiva do mediador americano.

Os negociadores palestinos exigem que as discussões sobre as fronteiras sejam feitas com base no traçado anterior ao início da ocupação israelense de Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza, em junho de 1967, com trocas equivalentes de territórios.

Já Israel propõe que o traçado do muro de separação na Cisjordânia sirva como base para as discussões de paz, e não as linhas anteriores a 1967, como pedem os palestinos - de acordo com a imprensa israelense.

O chefe da diplomacia americana declarou que houve "progressos significativos" em suas prolongadas conversas na região. Para Kerry, obter um acordo de paz é um desafio pessoal.

Há temores, porém, de que várias questões, incluindo a das colônias israelenses, levem ao fracasso desse processo.

Kerry disse acreditar "com toda certeza" que se pode chegar a um acordo final sobre as questões mais difíceis, mas não descartou a possibilidade de que se chegue primeiro a um acordo interino.

"Pode ser um passo ao longo do caminho", mas "apenas se englobar o conceito de um status final", explicou o secretário americano.

"Mas você não pode apenas fazer um acordo interino e fingir que está lidando com o problema", insistiu.

"Já vimos isso antes. Tivemos acordos temporários, tivemos ;mapas da paz;. Mas, se você deixa as principais questões em aberto - a maioria dos trapaceiros fará isso -, coisas ruins vão acontecer no intervalo e, então, será ainda mais difícil para chegar a uma solução final", completou Kerry.

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