Agência France-Presse
postado em 08/11/2013 11:41
Viena - Três em cada quatro judeus europeus (76%) consideram que o antissemitismo progrediu nos cinco últimos anos na União Europeia, em particular através da internet, revela nesta sexta-feira (8/11) um estudo da UE. Duas em cada três pessoas interrogadas encaram o antissemitismo como um verdadeiro problema, e este sentimento é mais forte na Hungria (91%), na França (88%) e na Bélgica (88%), segundo um relatório feito pela Agência de Direitos Fundamentais (FRA) da União.[SAIBAMAIS]A pesquisa foi realizada na internet entre setembro e outubro de 2012, com pouco menos de 6.000 europeus que se definem de confissão judia e que são provenientes de oito países - Alemanha, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Hungria, Itália, Letônia e Suécia - que reúnem 90% dos judeus da UE. Cerca da metade das pessoas teme uma agressão verbal em local público e um terço teme um ataque físico. Mas, para 75% dos perguntados, o antissemitismo se manifesta principalmente na internet e na imprensa (59%). Um dos entrevistados, de nacionalidade francesa, denuncia "os fóruns de discussão na internet e os comentários no YouTube, (que) estão cheios de mensagens antissemitas e antissionistas".
Algumas especificidades aparecem em função dos países. Assim, na França, para 78% das pessoas perguntadas, o antissemitismo se expressa em atos de vandalismo contra os edifícios, quando a média europeia não supera 45%. "Pedem que nos dispersemos rapidamente na saída da sinagoga, com um serviço de segurança importante quando, que eu saiba, isso não é necessário na saída das igrejas, nem dos templos ou das mesquitas", lamenta um francês. Para 84% das pessoas questionadas na Hungria (contra 44% de média na Europa), o antissemitismo está presente no discurso político, quando, desde abril de 2010, o partido de extrema direita Jobbik, abertamente antissemita, possui 43 dos 386 deputados no Parlamento.
O antissemitismo é um exemplo inquietante da persistência de "alguns preconceitos através dos séculos", denunciou o diretor da FRA, o dinamarquês Morten Kjaerum: "Não tem seu lugar na sociedade de hoje". As conclusões da FRA são publicadas coincidindo com a celebração neste fim de semana dos 75 anos da "Noite dos Cristais" contra os judeus durante o Terceiro Reich, momento que mostrou ao mundo a violência antissemita do regime nazista. Na madrugada de 9 para 10 de novembro de 1938, e durante todo o dia que se seguiu, propriedades de judeus foram saqueadas em todo o país, sinagogas foram queimadas e 30.000 homens presos e deportados.
Este pogrom, que terminou com 90 pessoas mortas entre a população judaica alemã, foi apresentado como uma revolta espontânea em resposta ao assassinato de Ernst vom Rath, secretário da embaixada alemã em Paris, por Herschel Grynszpan, um estudante de 17 anos que queria vingar a expulsão de sua família da Alemanha, junto aos cerca de 15.000 outros judeus poloneses. Mas os tumultos foram, de fato, organizados pelo regime de Hitler.