Agência France-Presse
postado em 08/11/2013 19:36
Genebra - Os chefes da diplomacia das grandes potências ocidentais entraram nesta sexta-feira (8/11) de maneira inesperada nas negociações sobre o programa nuclear iraniano em Genebra, aumentando a expectativa para um acordo.Intensas conversas diplomáticas eram mantidas na noite desta sexta. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, anunciou a sua chegada para sábado, o que confirma que as negociações vão durar mais um dia.
Uma reunião entre a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohmmad Javad Zarif, foi realizada na missão europeia em Genebra.
[SAIBAMAIS]"Há muitos problemas que afetam os interesses fundamentais de vários países. Essa é a razão pela qual o nível (de negociação) se tornou ministerial", explicou Serguei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores, citado pela agência de notícias RIA-Novosti.
"Amanhã (sábado) queremos obter o resultado de longo prazo que o mundo inteiro espera", acrescentou Ryabkov. Nenhum dos participantes "quer partir sem um saldo positivo", disse ele, ressaltando que uma reunião sem um acordo "seria um erro estratégico".
"Nós trabalhamos, discutimos e fazemos o nosso melhor", disse à AFP o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle.
Em sua chegada a Genebra, John Kerry demonstrou prudência, ressaltando que não há "acordo neste exato momento".
Mas, como uma prova do ambiente de otimismo após a eleição do presidente iraniano moderado, Hassan Rohani, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou que as discussões em andamento "oferecem a oportunidade de reais progressos". Pelo Twitter, ele disse que foi informado das discussões por telefone pelo presidente francês, François Hollande.
Já Kerry, que interrompeu uma viagem pelo Oriente Médio para participar do encontro em Genebra, recebeu também a companhia de seus colegas da França, do Reino Unido e da Alemanha, membros do grupo "5%2b1", que conta também com Rússia e China.
Suspensão do enriquecimento em troca de retirada das sanções?
"Tenho a ressaltar que ainda existem algumas questões muito importantes sobre a mesa que não foram resolvidas", alertou Kerry. "Elas devem ser abordadas corretamente e em detalhes".
"Queremos reduzir essas divergências, mas ninguém pode ignorar que há grandes diferenças a serem resolvidas", afirmou.
Para o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, "houve avanços, mas nada foi conseguido ainda". "No momento, questões maiores ainda não foram resolvidas, mas trabalhamos em Genebra para conseguirmos resolvê-las", afirmou.
Três pontos principais atraem as atenções dos ocidentais, segundo a delegação francesa: esclarecer a posição iraniana sobre "a construção do reator de água pesada de Arak", que pode produzir plutônio para ser utilizado com fins militares; o futuro do estoque de urânio enriquecido a 20% e "a questão mais geral do enriquecimento (de urânio) no Irã".
Paralelamente às discussões em andamento em Genebra, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), anunciou que seu diretor-geral, o japonês Yukiya Amano, vai a Teerã.
As autoridades iranianas reiteraram recentemente que o direito do Irã de enriquecer urânio representa "uma linha vermelha", sem, no entanto, descartar uma mudança de sua posição sobre "o nível, a forma e a dimensão" deste enriquecimento.
O Irã possui 19.000 centrífugas para enriquecer urânio.
Israel manifestou nesta sexta sua insatisfação, fazendo um alerta aos ocidentais em relação a um acordo com o Irã, seu maior inimigo.
"Israel não reconhece este acordo e fará o necessário para se defender e para defender a segurança de seu povo", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciando "a farsa do século", durante um encontro de duas horas com John Kerry no aeroporto de Tel Aviv.
Em uma proposta que circula nos bastidores, o Irã aceitaria suspender parte de seu polêmico programa em troca da retirada de algumas sanções internacionais que asfixiam sua economia.
As negociações entre as seis grandes potências e o Irã têm como objetivo obter "um acordo temporário" que, após uma fase de comprovação da boa fé de lado a lado, deve ser seguida de um "acordo final que resolva definitivamente a questão da questão nuclear iraniana",