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Igreja Católica denuncia crescimento do narcotráfico na Argentina

Nos últimos anos, a Argentina se transformou em um país de forte consumo, mantendo seu papel histórico de rota do tráfico de entorpecentes, - segundo organismos internacionais

Agência France-Presse
postado em 08/11/2013 19:39
Buenos Aires - A sociedade argentina vive "com dor e preocupação" diante do crescimento do tráfico de drogas, e o país "corre o risco de passar para uma situação de difícil retorno" - afirmou a Conferência Episcopal católica nesta sexta-feira (8/11).

Em um documento divulgado pela Assembleia de Bispos é feito um alerta de que, "se a liderança política e social não adotar medidas urgentes, levará muito tempo e muito sangue para erradicar estas máfias que foram ganhando cada vez mais espaço".



"A sociedade vive com dor e preocupação frente ao crescimento do narcotráfico em nosso país. Ficamos sem palavras diante daqueles que choram a perda de um filho por overdose, ou em episódios de violência ligados ao narcotráfico", acrescentou a Conferência.

Nos últimos anos, a Argentina se transformou em um país de forte consumo, mantendo seu papel histórico de rota do tráfico de entorpecentes - segundo organismos internacionais.

Atentados e crimes se tornaram comuns, em particular em Rosário, a terceira maior cidade argentina, onde foram registrados 215 homicídios desde o início do ano. A grande maioria está relacionada ao tráfico de drogas - de acordo com estatísticas oficiais.

Após sua 106; reunião anual, as autoridades religiosas declararam: "O que ouvimos dizer com frequência é que se chegou a essa situação sem limite com a cumplicidade e a corrupção de alguns".

"A sociedade suspeita, frequentemente, que membros das forças de segurança, funcionários da Justiça e políticos colaboram com os grupos mafiosos" - completou a nota.

Em setembro passado, o chefe do combate às drogas da polícia da província de Córdoba (centro, segundo distrito do país) e outros quatro agentes foram detidos sob a acusação de vínculos com traficantes.

Em outubro, o chefe da polícia da província de Santa Fe (centro-este, terceiro distrito), renunciou, após ser acusado de supostos laços com o tráfico de drogas.

"É alarmante a expansão das chamadas drogas sintéticas, que são distribuídas em diversos espaços festivos e nos doem os comportamentos autodestrutivos de adolescentes, ou jovens que consomem diversas substâncias", disseram os bispos.

Segundo relatório de 2012 sobre Controle Internacional de Narcóticos, com base nos dados da Agência Antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês), "a Argentina tem o segundo número de consumidores de cocaína na região (600 mil), atrás apenas do Brasil".

"Manifestamos também preocupação com a desproteção das nossas fronteiras e com a demora em dotar as zonas mais vulneráveis de sistemas adequados de radar", acrescentaram os membros do Episcopado.

Em julho passado, a Auditoria Geral da Nação revelou que "há um quadro geral de falta de controle de drogas em portos e espaço aéreo".

O governo contestou esse relatório e declarou que "a Organização Mundial de Aduanas (OMA), com sede em Bruxelas, realizou auditorias na Argentina e destacou sua liderança em matéria de incorporação de tecnologia e de técnicas de gestão de risco".

Em outubro passado, em um episódio de violência que chocou o país, a casa do governador de Santa Fé, Antonio Bonfatti, foi crivada de balas - 14 tiros ao todo - por homens em motos. A polícia atribuiu o ataque a quadrilhas de traficantes.

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