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Irã anuncia acordo com agência atômica internacional sobre mapa do caminho

O comunicado foi realizado ao fim de uma reunião com o diretor da AIEA, Yukiya Amano, que está em Teerã

Agência France-Presse
postado em 11/11/2013 09:14
Teerã - O Irã e a agência atômica da ONU acertaram nesta segunda-feira (11/11) uma agenda de inspeção do programa nuclear iraniano, enquanto o Ocidente segue pressionando Teerã para alcançar um acordo mais amplo após os avanços já obtidos em Genebra. O calendário de cooperação foi acordado durante uma visita a Teerã do diplomata japonês Yukiya Amano, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que há anos tenta verificar a natureza do programa nuclear iraniano.

O Irã aceitou voluntariamente que os inspetores da agência visitem Arak, onde há um reator de água pesada e onde os especialistas tentam ter acesso desde 2011, indicou o chefe da organização nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi. Também visitarão a mina de urânio de Gachin, perto do porto de Bandar Abbas (sul), acrescentou Salehi. No entanto, não está prevista nenhuma visita à base militar de Parchin, perto de Teerã, onde a agência da ONU acredita que as autoridades realizaram explosões de teste.

As inspeções formam parte da primeira fase do calendário, de uma duração de três meses, no qual o objetivo é "criar mais confiança entre ambas as partes", disse Salehi. "Nas fases seguintes, nossos especialistas e os da AIEA falarão sobre outras questões, como as que não têm um componente nuclear direto", explicou o chefe da organização nuclear iraniana. O acordo ocorre após um fim de semana de intensas negociações em Genebra entre o Irã e as potências do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).

[SAIBAMAIS]Depois de esperar um acordo iminente, as partes não alcançaram nenhum acordo político sobre o programa nuclear do Irã, que, segundo a República Islâmica, é apenas civil, embora o Ocidente e Israel suspeitem que tenha por objetivo a obtenção de uma bomba atômica. O secretário americano de Estado, John Kerry, responsabilizou nesta segunda-feira (11) o Irã pela falta de acordo em Genebra.



As grandes potências do "grupo 5%2b1 estavam unidas no sábado ao apresentar a proposta aos iranianos, mas o Irã não aceitou, neste momento particular não estavam em condições de aceitar", disse Kerry em Abu Dhabi, onde se encontra de visita. Kerry declarou, no entanto, que espera "pode alcançar nos próximos meses um acordo aceitável para todos".

Segundo os participantes, as negociações de Genebra permitiram ao menos um grande avanço, e continuarão no dia 20 de novembro. O Ocidente quer garantias sobre o estoque iraniano de urânio enriquecido a 20%, etapa prévia a um eventual enriquecimento a 90%, que permitiria fabricar bombas atômicas. Também quer garantias sobre o parque de 19 mil centrífugas e a fabricação de uma nova geração de máquinas cinco vezes mais rápidas, e sobre o reator de água pesada de Arak.

Oe reator, que pode estar operacional no fim de 2014, tem como função oficial a produção de plutônio com fins de pesquisa médica. O Ocidente teme, por sua vez, seu emprego com fins militares. Em troca de um acordo, o Irã espera uma redução limitada e reversível de certas sanções, como o congelamento dos bens iranianos em bancos situados fora dos Estados Unidos. Kerry também declarou nesta segunda-feira (11) que compreende as inquietações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que vem fazendo campanha contra o projeto de acordo com o Irã. O secretário de Estado declarou, em uma tentativa de tranquilizá-lo, que "o que estamos fazendo protegerá Israel de forma mais eficaz".

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, acusado por alguns de bloquear as negociações em Genebra, declarou que as grandes potências estão absolutamente de acordo sobre os termos das negociações e que "ainda há dois ou três pontos que levantam dificuldades". "Não estamos longe de um acordo com os iranianos, mas ainda não chegamos lá", declarou Fabius.

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