São Petersburgo - Os 30 ativistas do Greenpeace detidos na Rússia após um protesto em uma plataforma de petróleo no Ártico chegaram a uma prisão de São Petersburgo nesta terça-feira (12/11). Entre os integrantes do grupo está a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos.
Segundo um fotógrafo da AFP, o trem com os ativistas, procedente de Murmansk, entrou na estação Ladojski de São Petersburgo pouco depois do meio-dia. O último vagão foi separado do restante do comboio e levado para um local afastado da estação, onde os jornalistas não tiveram permissão de acesso.
"As autoridades transferiram os detidos para furgões cercados de policiais", relatou o Greenpeace em um comunicado. O serviço penitenciário russo indicou que os ativistas foram levados para diferentes centros de detenção.
Segundo uma lista divulgada na conta da organização no Twitter, três ativistas, incluindo o porta-voz da filial russa da ONG, Andrei Allakhverdov, foram transferidos para Kresty, uma prisão do século XIX construída com tijolos vermelhos, conhecida por seus prisioneiros políticos históricos.
A brasileira Ana Paula Maciel e a britânica Alexandra Hazel Harris foram transferidas para o centro de detenção provisória feminino número 5, enquanto três outros militantes estão no centro de detenção provisória número 4 de São Petersburgo, indicou o Greenpeace.
Esta lista, ainda longe de estar completa às 16H00 GMT (15h00 no horário de Brasília), é regularmente atualizada em: .
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"Ambientalistas inocentes estão na prisão há dois meses em razão de falsas acusações(...). Eles devem ser imediatamente libertados", ressaltou a ONG em um comunicado. Os 30 detidos deixaram Murmansk na segunda-feira. O Comitê de Investigação da justiça russa estão, a partir de agora, sob a jurisdição de São Petersburgo
Os 30 tripulantes do navio "Arctic Sunrise, de 18 países diferentes, foram detidos em setembro e colocados em detenção provisória na cidade de Murmansk após uma ação em uma plataforma da Gazprom no Mar de Barents para denunciar os riscos ecológicos da atividade. Alguns integrantes do grupo tentaram escalar a estrutura.
Os ativistas foram acusados inicialmente de "pirataria", um crime que pode valer uma punição a 15 anos de prisão. O Comitê de Investigação da Rússia anunciou em 23 de outubro que substituiria essas acusações pela de "vandalismo", com uma pena máxima sete anos de prisão. Mas, segundo o Greenpeace, a primeira acusação não foi retirada até o momento.
Em seu comunicado, o Greenpeace ressalta que a detenção provisória de todos os ativistas deve terminar em 24 de novembro, e que o Comitê de Investigação tem até 17 de novembro para pedir à justiça a prorrogação da detenção.
A Rússia tem se negado até o momento libertar os ativistas, apesar dos protestos em todo o mundo e dos apelos de países estrangeiros. O presidente Vladimir Putin havia declarado no dia seguinte à prisão do grupo que eles não eram piratas, mas que tinham infringido a lei.
O Conselho de Direitos Humanos russo, um órgão consultivo, pediu nesta terça-feira ao chefe do Comitê de Investigação, Alexander Bastrykin, que a tripulação do Arctic Sunrise seja libertada sob fiança ou colocada em prisão domiciliar em uma carta publicada em seu site.
O Tribunal Internacional do Direito Marítimo, jurisdição das Nações Unidas competente para resolver disputas marítimas internacionais, deve decidir em 22 de novembro se ordena que a Rússia liberte a tripulação de um navio da organização a pedido da Holanda. A Holanda recorreu a esse tribunal para conseguir uma série "de medidas provisórias", incluindo as liberações da tripulação e do navio, que navega com bandeira holandesa.