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Projeto de colonização israelense ameaça negociações com os palestinos

Presidente palestino, Mahmud Abbas, alertou na noite desta terça-feira que "o processo de paz estará acabado", caso Israel não volte atrás em sua decisão, segundo o negociador Saeb Erakat

Agência France-Presse
postado em 12/11/2013 20:03
Jerusalém - O Ministério israelense da Habitação lançou uma licitação recorde para a construção de 20 mil casas nas colônias judaicas da Cisjordânia ocupada, causando "preocupação" em Washington e revolta entre os palestinos que ameaçam pôr fim às negociações de paz.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, alertou na noite desta terça-feira que "o processo de paz estará acabado", caso Israel não volte atrás em sua decisão, segundo o negociador Saeb Erakat.

Os Estados Unidos também manifestaram a sua oposição. "Estamos profundamente preocupados (...) Ficamos surpresos com este anúncio e estamos buscando explicações do governo israelense", disse Jennifer Psaki, porta-voz do Departamento de Estado.

O secretário de Estado John Kerry telefonou na noite desta terça para o líder palestino, de acordo com uma fonte palestina. A ONG anti-colonização Paz Agora havia anunciado antes que "o Ministério da Habitação havia lançado um número recorde de ofertas para o planejamento de 20.000 casas nas colônias da Cisjordânia".

Este anúncio acontece no momento em que Israel e Estados Unidos adotam posturas contrárias em relação à questão nuclear iraniana, com os israelenses acusando os americanos de querer concluir a todo custo um "acordo ruim" com Teerã.

O ministro israelense da Energia, Sylvan Shalom, confirmou à rádio militar os projetos israelenses: "Não há por que criar toda uma história. Nós construiremos em Judeia-Samaria (Cisjordânia) e continuaremos a fazê-lo. É a política declarada do governo e do Likud", partido de direita do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

Netanyahu, no entanto, bloqueou a construção de 1.200 residências - das 20.000 programadas - no polêmico setor de E1, que liga Jerusalém Oriental à Cisjordânia, indicou uma autoridade do governo à AFP.

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A comunidade internacional, em particular os Estados Unidos, condenou com firmeza o projeto E1, que dividirá a Cisjordânia em duas, comprometendo a viabilidade de um Estado palestino.

O primeiro-ministro israelense não se opôs ao projeto de construção dos outros 18.800 alojamentos. Recursos públicos de 45 milhões de shekels (cerca de 30 milhões de reais) já foram desbloqueados para garantir as despesas ligadas a essa licitação, indicou o jornal Haaretz (esquerda).

Colonização "ilegítima"

"Esta expansão da colonização ilustra também o fato de o primeiro-ministro não acreditar em uma solução de dois Estados para dois povos (israelense e palestino lado a lado), ao contrário do que ele proclama", declarou à AFP Yariv Oppenheimer, secretário-geral do movimento pacifista israelense Paz Agora.

Em recente viagem ao Oriente Médio - para tentar relançar, aparentemente em vão, as negociações entre israelenses e palestinos - John Kerry lembrou que os Estados Unidos consideram a colonização judaica "ilegítima".

Israel já tinha lançado no início do mês, pouco antes da visita de Kerry, uma licitação para a construção de cerca de 2.000 casas nas colônias da Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental ocupada e anexada.

Depois do novo anúncio da construção de 20.000 casas, a direção palestina também ameaçou recorrer ao Conselho de Segurança da ONU e relançar suas iniciativas para integrar organizações internacionais, afirmou Erakat.

Erakat disse ter iniciado "consultas urgentes com o secretário-geral da Liga Árabe e com o comitê de acompanhamento da Liga Árabe e o Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia, ONU)".

Durante a sua viagem, na semana passada,

Kerry rejeitou as declarações de autoridades israelenses segundo as quais palestinos e Estados Unidos haviam aceitado tacitamente a continuidade dos projetos de colonização em troca da libertação de prisioneiros palestinos.

Mahmud Abbas se comprometeu em julho a suspender qualquer iniciativa palestina de adesão às organizações internacionais, incluindo as instâncias judiciais capazes de julgar Israel, durante os nove meses de duração das negociações de paz.

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