Agência France-Presse
postado em 13/11/2013 17:27
Janet Yellen defenderá na quinta-feira (13/11) a política monetária dos Estados Unidos - alvo de críticas republicanas - no Senado, que deve votar sua nomeação como primeira mulher à frente do Federal Reserve (Fed, banco central).Depois de comparecer à Comissão bancária do Senado e posteriormente ao plenário da Câmara Alta, sua nomeação, proposta pelo presidente Barack Obama, deve ser aprovada.
Se aprovada, Yellen se transformará, aos 67 anos, na primeira mulher a dirigir o Fed, cem anos depois de sua criação.
Contudo, não está previsto que os 22 senadores que formam a comissão - 12 deles democratas- votem na quinta-feira.
Yellen, vice-presidente do Fed, é considerada uma "democrata", muito preocupada com o desemprego e a inflação, assim como uma aliada próxima ao atual presidente, Ben Bernanke, a quem substituiria no dia 31 de janeiro com uma política de continuidade.
Desde a crise econômica de 2008, o Fed aplicou uma política monetária ultraflexível, com uma taxa de juros próxima a 0% e lançou pelo menos três ciclos de "flexibilização quantitativa" (Quantitative Easing ou QE), além de injetar milhões de dólares de liquidez no circuito financeiro.
Esta política de dinheiro fácil, que tem por objetivo reduzir as taxas, levou o banco central a quadruplicar a soma de ativos que tinha até alcançar 3,8 trilhões de dólares.
Oposição republicana
Esta flexibilidade favoreceu Wall Street, que registrou recordes históricos, e ajudou o dólar a se valorizar, mas despertou a oposição de alguns legisladores republicanos, que temem que esta política alimente uma bolha financeira.
"Votei contra a nomeação de Yellen como vice-presidente do Fed em 2010 por sua fama de democrata quanto à política monetária. (...) Não acredito que mudou muito", afirmou em outubro o senador republicano Bob Corker, membro da Comissão Bancária, dando a entender que não apoiará a candidata apresentada por Obama.
O senador de Kentucky, Rand Paul, pertencente ao extremista Tea Party, reivindicou uma auditoria e mais transparência por parte do Fed antes de apoiar Yellen.
Contudo, na comissão, também há membros que a veem com bons olhos. O democrata Tim Johnson, que preside o grupo, comemorou a proposta de Obama, por sua "experiência incomparável", enquanto a senadora Elizabeth Warren, também democrata, confessou estar "encantada por esta nomeação histórica".
Um terço dos senadores democratas enviaram uma carta ao presidente norte-americano dando seu apoio a Yellen ao invés de Larry Summers, que era o candidato favorito da Casa Branca, mas abandonou a disputa diante das fortes críticas.
Contrariamente à atitude de seus companheiros no Fed, a vice-presidente da instituição foi muito prudente na hora de fazer comentários sobre a economia de seu país nesses últimos meses.
Quando foi nomeada por Obama no dia 9 de outubro, Yellen só tinha insistido no papel do Fed para fomentar o emprego.
"Muitos norte-americanos não podem encontrar trabalho e se angustiam por saber como farão para pagar suas contas", declarou. Também disse que a instituição procuraria fazer com que "a inflação fique sob controle e que não mine os benefícios do crescimento".
A economia norte-americana cresceu 2,8% no terceiro trimestre em um ano, enquanto a taxa de desemprego foi de 7,3% em outubro. A inflação está abaixo do objetivo mínimo do Fed de 2%, situado em 1,2% ao ano em setembro.
Na quinta-feira, os mercados financeiros prestarão muita atenção a qualquer dado que Yellen possa dar sobre o calendário para o corte da ajuda do Fed à economia norte-americana, após meses de especulações.