Agência France-Presse
postado em 14/11/2013 13:50
Damasco - A conferência de paz sobre a Síria, diversas vezes adiada, deve começar em 12 de dezembro em Genebra, informou nesta quinta-feira (14/11) um jornal ligado ao poder, no dia em que morteiros atingiram o centro histórico de Damasco, matando três pessoas.Na perspectiva desta conferência, o presidente russo Vladimir Putin expressou sua satisfação pela cooperação da Síria, durante uma conversa telefônica com o presidente sírio Bashar al-Assad. Por sua vez, o ministro russo das Relações Exteriores Serguei Lavrov, em visita ao Cairo, pediu o mais rápido possível a realização da conferência internacional de paz para iniciar o diálogo político entre a oposição e o regime.
[SAIBAMAIS]Mas no terreno, as tropas do regime Assad, que desejam chegar em posição de força em Genebra, prossegue com seus ataques aéros nos arredores de Damasco. E os curdos continuam a expulsar jihadistas e rebeldes dos territórios que reivindicam no norte. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), eles ocuparam 18 aldeias nas últimas 48 horas na província de Hasakah (nordeste).
Citando uma fonte diplomática em Paris, o jornal sírio al-Watan afirmou que o secretário de Estado americano John Kerry informou a seu colega francês Laurent Fabius que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciará em 25 de novembro a data de 12 de dezembro como o início da conferência. A oposição, por sua vez, limitou-se a declarar que a data oficial do encontro ainda não foi fixada. "As datas serão definidas em meados de dezembro. Ainda não há datas oficiais. São apenas sugestões que estão sendo discutidas", declarou à AFP Mounzer Aqbiq, conselheiro do presidente da Coalizão da oposição, Ahmad Jarba.
Apesar de o regime e a oposição terem concordado em princípio de participar desta conferência, cada parte impõe condições consideradas inaceitáveis. Depois de dois dias de debates em Istambul (Turquia), a coalizão da oposição síria anunciou segunda-feira que participaria nas negociações de paz com a condição de que Assad renuncie e seja excluído de uma fase de transição. Mas para o ministro da Informação sírio, Omran al Zohbi, a oposição síria se ilude quando pede que a conferência de paz prevista em Genebra resulte no fim do regime. "As pessoas que sonham que vão a Genebra para que lhes entreguemos as chaves de Damasco são estúpidas, sem peso político, que não entendem nada de política e que se iludem", afirmou Zohbi, citado pela agência oficial Sana.
Apoio do Hezbollah
Um primeiro texto adotado em junho do ano passado pelos países ocidentais, que apoiam a oposição, e a Rússia, aliado do regime sírio, não menciona explicitamente que Assad tenha de deixar o poder em um período de transição. A conferência de Genebra-2 tem por objetivo reunir o regime e a oposição na mesa de negociações para chegar a uma solução ao conflito que já causou mais de 120.000 mortos, de acordo com o OSDH. Para preparar esta conferência, Jarba poderá viajar sábado a Moscou, indicou um jornal libanês. Questionado pela AFP, Aqbiq não quis comentar essa informação.
O regime sírio se apoia sobre o apoio do poderoso movimento xiita libanês do Hezbollah, que envia seus combatentes à Síria. O líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta-feira que o grupo armado continuará lutando contra os rebeldes ao lado do exército do presidente Bashar al-Assad. "Afirmamos em várias ocasiões que a presença de nossos combatentes em território sírio está destinada a defender a Síria, que apoia a resistência (contra Israel)". "Enquanto este motivo existir, nossa presença ali está justificada", afirmou o dirigente xiita, que fez uma aparição pública pelo segundo dia consecutivo por ocasião da cerimônia religiosa da Ashura perto de Beirute.
Em Damasco, três pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas devido à queda de morteiros e à explosão de duas bombas no centro da capital, perto da mesquita dos Omeyas, informou a agência Sana. Os ataques ocorreram na rua de Mardam Bek e o bairro de Kalasa, situados nas imediações da mesquita histórica dos Omeyas e do mercado de Hamidiye. A agência Sana atribuiu a autoria dos ataques aos rebeldes.