"Minha mensagem ao Congresso é ver se a primeira fase do acordo pode ser implementada com sucesso (...) Não há necessidade de adicionar novas sanções, que já são muito eficazes e que levaram os iranianos a negociar", disse Obama em uma coletiva de imprensa.
Sempre evocando um eventual acordo com Teerã, o presidente garantiu que, caso dê certo, permitirá atrasar em "vários meses" o programa nuclear iraniano.
Em troca do compromisso dos iranianos de "deixarem de avançar com seu programa" e de "se submeterem a inspeções mais rigorosas", "atenuaríamos a margem das sanções que colocamos em prática", ressaltou Obama.
"Mas continuaríamos aplicando o núcleo dessas sanções, que são mais eficazes e têm maior impacto na economia iraniana, em particular no setor petroleiro e no bancário", acrescentou.
"Isso nos oferece a possibilidade de comprovar até que ponto são sérios e nos garante que se em seis meses mostrarem que não são, podemos reativar imediatamente essas outras sanções", afirmou.
"Por fim, não perdemos nada se não quiserem apresentar à comunidade internacional as provas necessárias", concluiu Obama.
AIEA constata pausa do programa nuclear iraniano
A posição do governo americano pode ser fortalecida por um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A agência indicou nesta quinta que o Irã havia feito uma pausa na expansão de sua produção e na atividade de suas instalações nucleares nos últimos três meses, no que foi, a princípio, uma "escolha" deliberada das autoridades de Teerã, segundo um alto funcionário ligado às atividades da AIEA.
Mark Fitzpatrick, do grupo de reflexão International Institute for Strategic Studies, ressaltou que "é a primeira vez que um relatório trimestral da AIEA não mostra um aumento da capacidade de enriquecimento" no Irã.
Para o especialista, "trata-se claramente de uma medida destinada a aumentar a confiança" apenas três meses depois da chegada do moderado Hassan Rohani à Presidência do Irã e seria uma resposta "à moderação dos Estados Unidos em relação à aprovação de novas sanções".
Segundo Fitzpatrick, é uma demonstração de que "é possível chegar a um acordo diplomático para congelar as capacidades" nucleares do país.
Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, minimizou o impacto do informe da AIEA.
"Não estou impressionado com o relatório divulgado esta noite. O Irã não estendeu seu programa nuclear porque ele já possui a infraestrutura necessária para a fabricação da arma nuclear", declarou Netanyahu, citado em um comunicado de seu gabinete.
"A questão não é saber se ampliou seu programa, mas como parar o programa nuclear militar iraniano. Essa é a razão pela qual é preciso continuar a fazer pressão sobre o Irã com sanções", acrescentou.