Mundo

Alemão que guardava o "tesouro de Munique" quer ficar com as obras

Cornelius Gurlitt, de 80 anos, disse que seu pai adquiriu as obras de forma legal e que, como herdeiro, se considera o legítimo proprietário

Agência France-Presse
postado em 17/11/2013 11:25
O pai de Gurlitt, Hildebrand Gurlitt, foi um comerciante de arte que recebeu dos nazistas a missão de vender obras confiscadas, saqueadas ou extorquidas para obter divisas
Berlim
- O idoso alemão que escondia em seu apartamento de Munique centenas de obras de arte espoliadas dos judeus pelos nazistas afirmou que não entregará o material de forma voluntária.

Cornelius Gurlitt, de 80 anos, disse à revista Der Spiegel que seu pai, um poderoso comerciante de arte da época nazista, adquiriu as obras de forma legal e que, como herdeiro, se considera o legítimo proprietário.

"Não devolverei nada voluntariamente", disse a um jornalista que afirmou ter passado 72 horas com o excêntrico idoso na semana passada.

"Espero que isto seja resolvido em breve e consiga recuperar meus quadros", completou.

Gurlitt disse que entregou documentos "suficientes" aos promotores que o investigavam por fraude fiscal e apropriação de bens.



De acordo com o idoso, os documentos comprovam sua inocência.

Também disse estar impactado com toda a atenção midiática do caso, incluindo a presença de fotógrafos na porta de sua casa ou que o seguem durante as compras.

"Não sou Boris Becker", declarou à revista, em referência ao ex-tenista alemão.

"O que desejam de mim?".

O pai de Gurlitt, Hildebrand Gurlitt, foi um comerciante de arte que recebeu dos nazistas a missão de vender obras confiscadas, saqueadas ou extorquidas para obter divisas.

Apesar de ter vendido a maior parte das obras, se apropriou de um bom número delas. As autoridades acreditavam que grande parte da coleção estava perdida ou havia sido destruída, mas elas foram encontradas durante uma investigação de rotina na casa de Gurlitt em fevereiro de 2012.

O tesouro encontrado está armazenado atualmente em um local não revelado.

As autoridades da Alemanha deixaram o caso em sigilo para evitar de pedidos de recuperação das obras, que incluem peças de Picasso, Matisse, Chagall, Renoir e Delacroix.

Várias famílias judaicas e museus já reclamaram parte das obras que foram roubadas há mais de 60 anos. Muitos criticam o fato do caso ter sido revelado apenas por uma revista alemã, a Focus.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação