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Irã reclama da pressão da França antes de nova negociação nuclear

De visita a Israel, que se opõe à suavização das sanções contra o Irã presidente francês François Hollande fez no último domingo (17/11) quatro exigências

Agência France-Presse
postado em 18/11/2013 15:00
Genebra - As exigências ocidentais, formuladas com firmeza pelo presidente francês François Hollande, mantêm uma forte pressão sobre o Irã antes da retomada na quarta-feira (20/11), em Genebra, das negociações sobre o programa nuclear da República Islâmica.

Isso levou Teerã a reclamar das exigências ocidentais. Após uma década de controvérsias e de tensão, o objetivo desta reunião, a terceira em cinco semanas, é ir terminando com a desconfiança no programa nuclear de Teerã, que o país garante ter fins civis, embora as potências ocidentais suspeitem que queira obter uma bomba atômica.

[SAIBAMAIS]De visita a Israel, que se opõe à suavização das sanções contra o Irã, Hollande fez no domingo quatro exigências. "A primeira demanda: colocar todas as instalações nucleares iranianas sob supervisão internacional, agora. Segundo ponto: suspender o enriquecimento (de urânio) a 20%. Terceiro ponto: reduzir as reservas existentes. E, finalmente, suspender a construção da usina de Arak", criada para produzir plutônio, uma alternativa ao urânio altamente enriquecido que é utilizado para fabricar uma bomba.

"Mais vale um bom acordo que um ruim, aí estamos de acordo", declarou ainda Hollande, que parecia expressar a postura do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França, além da Alemanha), que negocia com a República Islâmica.

Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), considera que "é essencialmente o projeto de acordo" e que a novidade não reside tanto nas exigências, mas no nível de detalhes formulados e no fato de que foram pronunciados ao nível de um chefe de Estado do grupo 5%2b1.

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O especialista declarou à AFP que o controle internacional já é uma realidade através da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o organismo da ONU. Em resposta a estas exigências, o Irã advertiu nesta segunda-feira contra as demandas excessivas por parte das grandes potências ocidentais, que podem complicar um acordo, indicou o presidente Hassan Rohani em declarações publicadas no site do governo.

"Nas recentes negociações (em Genebra) ocorreram progressos importantes, mas todos devem ter em mente que as demandas excessivas podem complicar o processo para um acordo no qual todas as partes ganhem", afirmou Rohani em uma conversa por telefone com seu colega russo Vladimir Putin publicada no site www.dolat.ir.

"Do nosso ponto de vista, não se deve criar uma situação na qual a vontade das partes de chegar a um acordo mutualmente aceitável seja afetada", acrescentou o presidente iraniano. Na semana passada em Genebra, nenhum acordo foi alcançado após três dias de intensas negociações, entre outras coisas pelas objeções da França.

Autoridades americanas, europeias e russas consideram que um acordo interino sobre o congelamento no estado das atividades nucleares do Irã em troca de suavizar as sanções que asfixiam sua economia está ao alcance da mão.

O presidente russo, Vladimir Putin, indicou em um comunicado que apareceu "uma oportunidade real para encontrar uma solução a este velho problema, depois de conversar por telefone com Rohani.

No entanto, Teerã havia indicado no domingo que as negociações seriam difíceis. O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, repetiu que o direito do Irã ao enriquecimento de urânio não é negociável. A suspensão total do enriquecimento é nossa linha vermelha e não a cruzaremos, acrescentou.

As promessas do Irã quanto ao caráter pacífico de seu programa nuclear contrastam com o aumento contínuo de suas capacidades, especialmente do número de centrífugas, e com as obras de construção do reator de Arak, que o Irã espera colocar em andamento em 2014.

As discussões desta semana buscarão alcançar um acordo interino. Caso seja alcançado, o Irã deixará de enriquecer urânio a 20%, reduzirá suas reservas e interromperá as obras de construção de Arak. Em troca, as sanções internacionais que pesam sobre o Irã se suavizarão.

Durante esta primeira fase de vários meses, será negociado um acordo definitivo que envolva uma redução permanente do tamanho do programa iraniano e o cancelamento das sanções.

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