Varsóvia - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se declarou nesta terça-feira (19/11) muito preocupado com a resposta da comunidade internacional para conter o aquecimento global, que considera insuficiente. "Estou muito preocupado, pois nossas ações são ainda insuficientes para limitar a alta da temperatura global sob os abaixo dos 2 graus em relação aos níveis pré-industriais", declarou o chefe da ONU ante os delegados de mais de 190 países reunidos para a conferência anual da ONU sobre a mudança climática.
"Mas também tenho esperanças porque vejo (...) avanços em vários campos para conseguir um futuro com menos carbono lançado na atmosfera", acrescentou. Referindo-se ao acordo esperado para 2015 em Paris, que deverá comprometer os grandes poluidores para que reduzam suas emissões de gases de efeito estufa, Ban considerou que é "existe um caminho muito inclinado a escalar". "Os compromissos tomados atualmente pelos diferentes países são simplesmente insuficientes", destacou.
"É necessário buscar um objetivo mais elevado", disse ainda.
Seis anos depois do fracasso de Copenhague, o objetivo será concluir um acordo universal e juridicamente vinculante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global a 2;C.
A conferência de Varsóvia deve colocar "uma pedra fundamental" para chegar a um acordo na capital francesa, advertiu Ban. As delegações de mais de 190 países estão reunidas desde 11 de novembro na capital polonesa para esboçar este acordo. Vários ministros do Meio Ambiente e da Energia se uniram às discussões esta terça-feira para ajustar um texto comum no encerramento da conferência.
Dois grandes temas ainda estão por resolver: o da assistência financeira para fazer frente às mudanças climáticas e o das "perdas e danos" como consequência do aquecimento global.
Os países desenvolvidos prometeram em 2009 uma ajuda de 100 bilhões de dólares ao ano até 2020 para os países mais vulneráveis, mas estes últimos perderam a paciência por não ver chegar a ajuda prometida.
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Em um relatório publicado nesta terça-feira, a ONU calculou que o custo da adaptação às mudanças climáticas na África poderia chegar a 200 bilhões de dólares ao ano até 2070 se o aquecimento global não ultrapassar os 2;C e a US$ 350 bilhões se a temperatura continuar aumentando.
A delegada europeia de Ação para o Clima, Connie Hedegaard, assegurou que os países doadores trabalham seriamente para encontrar formas de mobilizar estes recursos.
"Há uma grande quantidade de trabalho realizado (...) Falamos durante dias sobre como podemos cumprir nossas promessas e principalmente de como podemos utilizar o dinheiro público para incentivar o investimento privado", declarou na terça-feira. O outro tema delicado é o das "perdas e danos" causados pelo aquecimento nos países do sul. Estes últimos querem criar um "mecanismo" que os ajudará a identificar os prejuízos e fazer frente.
Mas a criação de um novo órgão não é do gosto dos países do norte, que preferem resolver o assunto usando os mecanismos existentes. Mais além destes dois temas, os diferentes países já se posicionavam em vista do acordo de 2015. Um projeto de texto de negociação foi apresentado e os comentários e críticas começaram a chegar.
A União Europeia lamentou que o texto não integre um calendário das etapas a seguir antes do acordo de 2015. China e Índia, por sua vez, "insistiram" em que o texto de Paris deve marcar a "diferença entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento", mas os Estados Unidos se nega a que a China se beneficie de um tratado especial.