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Negociações sobre questão nuclear iraniana são retomadas em Genebra

O aiatolá Ali Khamenei declarou que insiste na consolidação dos direitos nucleares do Irã

Agência France-Presse
postado em 20/11/2013 09:39
Genebra - Pela terceira vez em cinco semanas, os diplomatas das grandes potências e o Irã discutem nesta quarta-feira (20/11) em Genebra o programa nuclear de Teerã, mas, antes mesmo da retomada das negociações, o líder supremo iraniano reiterou que seu país não recuaria em seus "direitos nucleares". O aiatolá Ali Khamenei declarou em um discurso transmitido ao vivo pela televisão que insiste na consolidação dos direitos nucleares do Irã, pedindo aos negociadores iranianos que respeitem as "linhas vermelhas" do programa nuclear, que incluem o enriquecimento de urânio em solo iraniano e a recusa de fechar a instalação nuclear subterrânea de Fordo.

No discurso, o guia também afirmou que Israel estava "fadado à extinção", uma frase que deve complicar as negociações em Genebra, já que as potências ocidentais desejam garantias da segurança de Israel como parte de um acordo com Irã. A retomada das negociações sobre o polêmico programa nuclear do Irã tem provocado grande agitação diplomática, mobilizando as grandes potências, pressionadas por Israel e lembradas pelo Irã da oportunidade única para resolver esta crise.

Discussões bilaterais vão acontecer durante toda a manhã, com destaque para um encontro entre os chefes da diplomacia do Irã, Mohammad Javad Zarif, e da União Europeia, Catherine Ashton, que preside as negociações. Uma reunião plenária entre o Irã e os 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha mais a Alemanha) está programada para o início da tarde.

Dança diplomática

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou nesta quarta-feira para Moscou em caráter de emergência para encontrar o presidente Vladimir Putin, após garantir o apoio da França durante uma visita do presidente François Hollande. Este último, que manteve uma conversa telefônica com o presidente iraniano, Hassan Rohani, evocou "uma possibilidade real" de resolver a questão nuclear no Irã.



"Eu não sei se seremos capazes de chegar a um acordo esta semana ou na próxima semana", considerou por sua vez o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Mas, durante uma reunião na Casa Branca, ele pediu aos líderes do Senado que dessem uma chance às negociações, e para que não votassem por um reforço das sanções já existentes contra o Irã. Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, telefonou na terça-feira ao presidente Rohani, um primeiro contato direto há "mais de uma década". "O Irã defenderá energicamente os seus direitos nucleares" e rejeitará " qualquer discriminação", ressaltou o presidente iraniano ao primeiro-ministro.

Rohani também esteve em contato telefônico com o presidente chinês, Xi Jinping, para quem afirmou que o Irã "deseja um acordo que preserve os seus direitos e pelo qual provará que seu programa nuclear é totalmente pacífico", segundo a agência de notícias IRNA. Ele exortou a China a "agir contra as exigências excessivas de certos países", referindo-se à França, que obteve durante a última reunião, no início de novembro, um endurecimento do texto do acordo elaborado pelo Irã e pelos Estados Unidos. Teerã recusou o texto final.

A rodada anterior de negociações foi concluída em 9 de novembro, em Genebra, sem resultados concretos. No entanto, todos os participantes elogiaram os progressos, conquistados em grande parte pela política de abertura do presidente Rohani desde a sua eleição em junho. No Congresso americano, em Washington, alguns democratas e republicanos pretendem votar um novo pacote de sanções econômicas contra Teerã, convencidos de que as punições anteriores levaram os líderes iranianos à mesa de negociações e que o fechamento do cerco levaria-os à rendição.

Um grupo de seis influentes senadores democratas e republicanos, incluindo o ex-candidato presidencial John McCain, expressou nesta terça-feira suas preocupações, em uma carta dirigida ao secretário de Estado americano, John Kerry. Eles exigem de Teerã mais esforços do que apenas a desaceleração de suas atividades de enriquecimento de urânio. "Embora o acordo provisório sugira que o Irã está potencialmente pronto para abrandar temporariamente sua busca por armas nucleares, ele poderia permitir que o país continue a se mover em direção a esse objetivo, sob o pretexto de negociações", consideraram.

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