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Guia Supremo do Irã pressiona negociadores sobre questão nuclear

Em Genebra, representantes dos Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Alemanha e o Irã se preparam para retomar no início da tarde o diálogo para concluir um acordo sobre o programa nuclear iraniano

Agência France-Presse
postado em 20/11/2013 13:39
Teerã - O Guia Supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, reiterou nesta quarta-feira (20/11) que seu país não recuará em seus "direitos nucleares", horas antes do início de uma nova rodada de negociações entre o Irã e as grandes potências em Genebra. Em um discurso muito firme, Khamenei insistiu "na consolidação dos direitos nucleares do Irã", diante de 50 mil seguidores islâmicos reunidos em uma grande mesquita de Teerã.

Em Genebra, representantes do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha mais a Alemanha) e o Irã se preparam para retomar no início da tarde o diálogo para concluir um acordo sobre o programa nuclear iraniano, acusado pelos ocidentais e Israel de finalidades militares. A rodada anterior de negociações, concluída em 9 de novembro, não registrou resultados concretos. No entanto, todos os participantes elogiaram os progressos, conquistados em grande parte pela política de abertura do presidente Rohani desde a sua eleição em junho.

A ausência de um acordo "não significa que estamos em um impasse. Há um caminho construtivo", afirmou na terça-feira em um vídeo postado no YouTube o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif. O aiatolá Khamenei, que nunca escondeu seu pessimismo quanto a essas discussões, reiterou seu apoio aos negociadores, ainda que apontando o caminho a ser seguido.

"Eu não irei intervir nos detalhes das negociações, mas existem linhas vermelhas que os negociadores devem respeitar sem temer a agitação dos inimigos", afirmou o número um iraniano, que decide todas as questões estratégicas do país, inclusive nuclear.

As "linhas vermelhas" do programa nuclear citadas incluem o enriquecimento de urânio em solo iraniano e a recusa de fechar a instalação nuclear subterrânea de Fordo. Para Teerã, o direito ao enriquecimento de urânio está inscrito no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), assinado pelo Irã.

Israel fadado ao desaparecimento

Para marcar o consenso entre a classe política iraniana sobre a questão nuclear, Rohani afirmou que essas "linhas vermelhas foram traçadas pelo regime e pela nação". O texto apresentado pelas grandes potências a fim de neutralizar as atividades nucleares iranianas prevê justamente a paralisação do enriquecimento de urânio a 20%, a redução dos estoques da substância enriquecida a 20% e o fim da construção do reator de Arak, que deve entrar em serviço apenas no final de 2014.



O Irã, que afirma estar empenhado a chegar a um acordo, acusa a França de "fazer exigências excessivas" influenciada por Israel, inimigo jurado da República Islâmica e acusado de tentar "sabotar" as negociações. Nesta quarta-feira (20), o aiatolá Khamenei atacou o Estado judeu, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou a Moscou para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, para fazer campanha contra um possível acordo.

"Os inimigos, pela boca suja e mal-intencionada do cão raivoso da região, o regime sionista, dizem que o Irã é uma ameaça para o mundo. Errado", declarou, acusando Israel "e alguns dos seus parceiros" de ser a "verdadeira ameaça". "Os fundamentos do regime sionista estão muito enfraquecidos e ele está condenado ao desaparecimento", exclamou.

O Irã não reconhece a existência de Israel e apoia movimentos armados que lutam contra ele. Ele também criticou o presidente francês, François Hollande, que reiterou sua posição em favor de Israel durante uma visita ao país na semana passada.

"Infelizmente, alguns países da Europa se precipitam para visitar os dirigente sionistas - que é uma vergonha chamar de humanos - para embelezar e assim humilhar sua própria nação", comentou. A França condenou essas declarações "inaceitáveis" sobre Israel que "complicam as negociações". A posição de Paris nas negociações é "firme, mas não está fechada", lembrou o porta-voz do governo.

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