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Malala pede que Europa lute pelo acesso das crianças à educação

"Cinquenta e sete milhões de crianças esperam por nossa ajuda, estas crianças não precisam de um iPad ou de um tablet, elas precisam de um livro e de uma caneta", disse a garota de 16 anos

Agência France-Presse
postado em 20/11/2013 15:06

Durante toda sua jornada, Malala foi apoiada pelo pai, que a acompanhou ao Parlamento Europeu e cujo papel foi exaltado por ela em sua autobiografia lançada recentemente

Estrasburgo - A jovem paquistanesa Malala Yousafzai pediu para que a Europa aumente seus esforços pelo acesso das crianças à educação ao receber nesta quarta-feira (20/11) o prêmio Sakharov para os Direitos Humanos no Parlamento Europeu.

"Cinquenta e sete milhões de crianças esperam por nossa ajuda, estas crianças não precisam de um iPad ou de um tablet, elas precisam de um livro e de uma caneta", disse a garota de 16 anos, ovacionada pelos deputados europeus presentes na plateia.

Alvo dos talibãs por sua luta contra o extremismo religioso, Malala fez um apelo "aos países da Europa para que ajudem os países da Ásia, e meu país, o Paquistão, em matéria de educação e desenvolvimento".

[SAIBAMAIS]Sorridente, coberta por um véu laranja, ela começou seu discurso fazendo uma brincadeira sobre sua baixa estatura e invocando "o nome de Deus misericordioso", antes de proferir uma citação de Voltaire em favor da tolerância.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou que ela "deu esperança a milhões de pessoas", já que "hoje são mais de 125 milhões de crianças e adolescentes que não têm acesso à escola no mundo, dos quais três quartos são meninas".

"Contem conosco para que a União Europeia respeite estes compromissos mundiais em matéria de acesso universal à educação", disse Schulz, vendo uma "ocasião histórica" na "coincidência" entre a visita de Malala e a comemoração do Dia Internacional dos Direitos da Criança.

"Grande coragem"

"O Parlamento homenageia a grande coragem de uma heroína, de uma sobrevivente, de uma criança que, aos 15 anos, desafiou o fanatismo pelo seu direito de ir à escola", ressaltou.

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Por ter denunciado as leis impostas pelo Talibã entre 2007 e 2009 na região do Vale do Swat, noroeste do Paquistão, e defendido o direito das meninas de ir à escola, Malala Yousafzai foi alvo de um ataque em 9 de outubro de 2012, quando voltava da escola em um ônibus escolar.

Atingida na cabeça, escapou da morte por muito pouco, e seu espírito corajoso fez da menina um ícone internacional.

Durante toda sua jornada, Malala foi apoiada pelo pai, que a acompanhou ao Parlamento Europeu e cujo papel foi exaltado por ela em sua autobiografia lançada recentemente, "Eu, Malala: eu luto pela educação e resisto aos talibãs".

Schulz homenageou o professor primário, por sua "profunda convicção de que meninas e meninos são iguais, que eles têm os mesmos direitos à educação". Indicada em outubro por unanimidade pelos presidentes dos grupos do Parlamento Europeu, ela superou o americano Edward Snowden, autor das revelações sobre o programa de espionagem mundial conduzido pelos Estados Unidos.

O Talibã paquistanês respondeu a esta condecoração com novas ameaças de morte contra a jovem. Malala mudou-se com a família para a cidade de Birmingham, na Inglaterra, onde foi tratada após o atentado. Ela afirma querer voltar ao Paquistão para entrar na política, apesar dos riscos trazidos pela atividade.

O Prêmio Sakharov, de 50.000 euros (cerca de 150.000 reais) é concedido anualmente a um defensor dos direitos humanos e da democracia. Malala é a mais nova dos laureados com a distinção, que comemora 25 anos e é entregue pelo Parlamento Europeu.

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