Agência France-Presse
postado em 21/11/2013 18:29
O esporte deve ter espaço em qualquer agenda para o desenvolvimento pela capacidade de impulsionar a inclusão social, defende uma exposição aberta nesta quinta-feira no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem Pelé como personagem central.A série de fotos e vídeos mostra o rei do futebol vestindo as camisas do Santos e da seleção brasileira de futebol ao longo da carreira, e se mistura a projetos apoiados pelo BID na América Latina que usam o esporte como ferramenta de inclusão social ou de gênero.
"Falar de Pelé não é se referir a uma pessoa, mas à encarnação de um sonho, o desejo de mobilidade social a partir do talento, o sucesso ativado pelo trabalho duro", escreveu o especialista Iván Duque na apresentação da mostra "Gols para o Desenvolvimento".
Um dos casos mencionados na exposição é o projeto "A Ganar" (Vencer), que promove o esporte e a capacitação para o trabalho em áreas ligadas à atividade esportiva em diversos países da América Latina.
"Já temos mais de 6.000 jovens que participaram do ;A Ganar;, inclusive ali mais de 1.000 moças", disse à AFP Fabián Koss, funcionário do BID, de pé em frente a uma enorme foto de Pelé treinando na década de 1960.
Em associação com diversas fundações e a iniciativa privada, "A Ganar" está em 11 países, atuando inclusive em áreas com altos índices de violência.
Em áreas de Kingston (Jamaica) e Ciudad Juárez (México), por exemplo, o projeto incentiva o esporte como forma de consolidar o que o BID denomina de "identidade positiva" e, ao mesmo tempo, oferece aos jovens uma chance de mudar de vida.
"O projeto foi sugerido, inclusive, pelo próprio Pelé, durante uma visita que fez ao BID faz já alguns anos, para ressaltar o papel do esporte como agente de transformação social. Ele, inclusive, cedeu as fotos e os vídeos usados na exposição", declarou Koss à AFP.
Segundo o especialista, em geral os projetos buscam "desenvolver habilidades que melhorem o acesso a oportunidades de trabalho. Os programas preparam os jovens para o mercado de trabalho".
Embora a exposição se concentre na figura de Pelé como "arquétipo da superação e da mobilidade social através do esporte", os projetos apoiam outras modalidades esportivas, como o beisebol na República Dominicana, o rúgbi na Argentina e o críquete na Jamaica.
O iniciativa do BID, chamada "Esporte para o Desenvolvimento" é o núcleo das atividades que detectam oportunidades e coordenam a participação de entidades associadas.
"Às vezes, em um bairro pobre de uma cidade latino-americana, a infraestrutura existe, seja um campo de futebol ou de voleibol. Mas é preciso garantir a continuidade, os treinadores, o trabalho de equipe", disse Koss, explicando o papel dos projetos.
Um deles, por exemplo, uniu o BID ao governo do Uruguai e a Fundação Celeste (criada por jogadores de futebol uruguaios) para atividades esportivas como forma de prevenir a violência e promover a reinserção social de jovens em situação de vulnerabilidade.
Com tantos jovens na América Latina e no Caribe que buscam a sonhada mobilidade social graças ao esporte, o uso de Pelé como arquétipo é altamente simbólico.
"A glória de Pelé, a lenda e o símbolo cultural são o feliz casamento entre a luta para vencer a pobreza e a batalha por fazer do talento um ingrediente coletivo que leve à vitória", afirmou Duque ao apresentar a exposição.
Por isso, ressaltou, incluir o esporte na agenda do desenvolvimento é "necessário porque fomenta uma sociedade mais saudável, estimula a coesão social, facilita o trabalho em equipe, motiva a disciplina e, mais importante, cria comunidade".