Mundo

Maduro usa poderes concedidos por Parlamento contra crise ecônomica

O presidente aprovou uma lei orgânica para o controle de preços, custos e lucros do setor privado. Ele também aprovou outra normativa para regular as importações, das quais o país é muito dependente

Agência France-Presse
postado em 22/11/2013 08:09
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, estreou na quinta-feira (21/11) os superpoderes concedidos pelo Parlamento há três dias com a aprovação de duas leis que aumentam as fiscalizações sobre empresários e regulamentam as importações, em sua luta contra a crise econômica. Com o objetivo de enfrentar a "guerra econômica" que afirma existir contra seu governo, Maduro aprovou na noite de quinta-feira uma lei orgânica para o controle de preços, custos e lucros do setor privado. Também aprovou outra normativa para regular as importações, das quais o país é muito dependente.

[SAIBAMAIS]A maioria chavista da Assembleia Nacional aprovou na terça-feira a denominada lei habilitante, que permite a Maduro emitir leis sem a necessidade de aprovação da Câmara. "Não podemos perder tempo, temos que controlar e regularizar esta guerra econômica que dispararam contra o povo", afirmou Maduro na cidade de Maracaibo (oeste), onde promulgou as duas leis. "Estou aprovando meu primeiro decreto com grau, valor e força de lei orgânica para o controle dos custos, dos preços, dos lucros e a proteção da família venezuelana", disse o presidente.



Esta normativa une "todas as leis que foram criadas" durante 14 anos de governo chavista para controlar os custos, preços e lucros máximos do setor privado, destacou Maduro, que havia antecipado fixar a margem de lucro máximo de entre 15% e 30%. "Esta lei tem apenas um objetivo central, que é proteger as liberdades econômicas e os direitos econômicos e sociais do povo que trabalha", disse. A segunda normativa cria o Centro Nacional de Comércio Exterior e a Corporação Nacional de Comércio Exterior, que controlarão as importações e exportações, e devem administrar as divisas que entram no país pela arrecadação petroleira.

A Venezuela, com as maiores reservas mundiais de petróleo, obtém mais de 90% de suas divisas da arrecadação petroleira, das quais o Estado destina uma parte à venda de dólares a empresários a uma taxa oficial - de 6,3 bolívares por dólar - para importações. Para Maduro esta lei é "fundamental" para evitar que os importadores vendam os produtos com preços em alta de até 1000%, como denunciou o governo nas últimas semanas, depois de determinar a redução de preços de vários produtos, incluindo eletrodomésticos. A polêmica sobre os preços tem como pano de fundo o controle cambial em vigor na Venezuela desde 2003, que gerou um mercado paralelo de divisas, que supera em mais de oito vezes a taxa oficial.

Para Maduro, as leis servirão para derrotar o que chama de "guerra econômica", estimulada pela "burguesia e o imperialismo", a qual o governo responsabiliza pela inflação de 54% em ritmo anual, a alta de preços e a escassez de alguns produtos básicos. A oposição e os empresários consideram que os poderes especiais são uma ferramenta com "fins eleitorais", antes do pleito municipal de 8 de dezembro, considerado por muitos como um referendo sobre a administração Maduro. O líder da oposição e governador, Henrique Capriles, derrotado por Maduro na eleição presidencial de abril por menos de 2% dos votos, convocou protestos para sábado em todo país contra a lei habilitante e a crise econômica.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação