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Apesar de divergências, Irã vê progressos em negociação nuclear

A informação foi dada pelo chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, após uma reunião de uma hora com Catherine Ashton

Agência France-Presse
postado em 22/11/2013 10:12
Teerã - As negociações entre o Irã e as grandes potências sobre o programa nuclear de Teerã progrediram, mas ainda existem "pontos de divergência", afirmaram os negociadores iranianos, no terceiro dia de negociação em Genebra.

"Ainda temos que trabalhas sobre os pontos de divergência", declarou o chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, citado pela imprensa local, depois de uma reunião de uma hora com a colega europeia Catherine Ashton. No entanto, Zarif ressaltou que "na última noite estávamos muito longe da vinda dos ministros. Hoje estamos um pouco mais próximos". Após sua declaração, o ministério das Relações Exteriores russos informou que o ministro Serguei Lavrov viajaria nesta sexta-feira a Genebra para participar das negociações, segundo a agência Interfax. "Serguei Lavrov viaja a Genebra para participar das negociações sobre o programa nuclear iraniano", declarou o porta-voz da chancelaria russa.

Apenas os ministros das Relações Exteriores dos países que estão em negociações podem assinar um acordo. "Os pontos de vista se aproximaram" durante esta reunião que, "embora tenha sido curta, foi positiva", informou Majid Tajt Ravanshi, um dos membros da equipe de negociadores. O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghshi, informou sobre "progressos mínimos", apesar da séria vontade das duas partes. Os membros do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China, além da Alemanha) "devem reconhecer o direito do Irã ao urânio enriquecido", ressaltou Tajt Ravanshi, que evocou a possibilidade de que as discussões, que deveriam terminar nesta sexta-feira, se prolonguem até sábado.

Assim como na véspera, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, se reuniu na manhã desta sexta-feira com Mohamad Javad Zarif antes de informar as grandes potências do 5%2b1, as quais representa, sobre o debatido nesta conversa. Ashton retomará nesta tarde as negociações ciente das objeções ou aprovações apresentadas por estes países. O porta-voz de Ashton, Michael Mann, classificou o encontro desta manhã de útil. Em paralelo às negociações a portas fechadas em Genebra, as declarações públicas dos dois últimos dias são a prova de que ainda há pontos de bloqueio, mas que ambas as partes trabalham para aproximar posições.

Na quinta-feira, após um dia de intensas negociações, Araghshi declarou que não havia progressos em uma série de pontos, os quais não especificou. Por sua vez, um diplomata europeu declarou que "fizemos progressos, também em questões substanciais. Cada vez há menos pontos a resolver, embora os que restem são evidentemente os mais duros". As negociações se baseiam em um texto de 9 de novembro, redigido durante a rodada anterior de negociações, que terminou sem acordo. Este projeto de acordo temporário de seis meses, que, segundo uma fonte ocidental, seria renovável, prevê que o Irã limite seu programa nuclear em troca da suavização das sanções internacionais contra o país.

Os detalhes não foram revelados, mas "todos sabem o que está em jogo", ressaltou Mann, citando, em particular, o enriquecimento de urânio, um direito reivindicado pelos iranianos, mas denunciado pelos ocidentais, que suspeitam que Teerã queira fabricar armas atômicas. "O princípio do enriquecimento não é negociável, mas podemos falar do volume, do nível e do local", afirmou Araghchi, abrindo espaço para um compromisso.

Um dos principais assuntos sobre a mesa é o futuro das reservas iranianas de urânio enriquecido a 20% (a barreira a partir da qual é possível obter rapidamente uma porcentagem de 90%, que permite a fabricação de uma bomba nuclear). Segundo Ali Vaez, especialista em Irã do International Crisis Group (ICG), "nenhum dos obstáculos é insuperável" e sobre a questão do urânio "os negociadores encontraram uma fórmula vaga o bastante" para que ambas as partes "possam ir para casa com a cabeça erguida". Segundo este analista, as declarações públicas de firmeza dos iranianos e ocidentais desde que as negociações foram retomadas "formam parte da negociação, porque quando se está perto de um acordo tenta-se obter o máximo possível".

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