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Milicia centro-africa recruta cerca de 6 mil crianças para serem soldados

A agência da ONU para a infância denuncia regularmente o recrutamento de crianças para as fileiras dos grupos armados neste país devastado pela guerra civil

Agência France-Presse
postado em 22/11/2013 12:21
Genebra - Quase seis mil crianças foram recrutadas por milícias armadas na República Centro-Africana, declarou nesta sexta-feira (22/11), em Genebra, um alto funcionário das Nações Unidas, denunciando a espiral de violência no país. "A grosso modo, falamos hoje de cinco mil a seis mil crianças, o que representa quase o dobro da estimativa inicial", que era de 3.500 crianças, indicou Souleymane Diabate, representante da Unicef na República Centro-Africana.

[SAIBAMAIS]A agência da ONU para a infância denuncia regularmente o recrutamento de crianças para as fileiras dos grupos armados neste país devastado pela guerra civil. A República Centro-Africana está mergulhada no caos desde o golpe de Estado em março, liderado pela coalizão rebelde islâmica Seleka, que derrubou o presidente François Bozizé. Um líder da Seleka, Michel Djotodia, se autoproclamou presidente e concordou em realizar eleições no próximo ano. O país é composto por 80% de cristãos e uma minoria de muçulmanos.



Confrontos entre as duas comunidades religiosas, entre grupos de "autodefesa" e ex-rebeldes da Seleka, além de um surto de banditismo em Bangui, são comuns desde o golpe. "A situação que vivemos na República Centro-Africana hoje, é muito, muito grave", disse Diabate, lançando um apelo para a mobilização da comunidade internacional para frear esta situação. Além disso, o país, que é um dos mais pobres do mundo, apesar de suas grandes reservas minerais de ouro, diamantes e urânio, está enfrentando uma grave crise humanitária. Segundo Diabate, cerca de 4,6 milhões de pessoas são afetadas pela crise. "Metade da população tem menos de 18 anos. Antes da crise, a situação já não era boa, agora é ainda pior", disse ele.

Os países africanos enviaram cerca de 2.500 soldados ao país. Este contingente deve ser aumentado para 4.500 homens, mas fontes diplomáticas indicam que não será suficiente para acabar com o caos reinante e que as forças de paz da ONU devem ser implantadas. A União Europeia expressou nesta sexta-feira sua preocupação com esta situação, principalmente com as "violações generalizadas dos direitos Humanos que se multiplicam impunemente". "Estamos profundamente preocupados com a situação alarmante na República Centro-Africana", declarou um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. "Existe um risco considerável de uma nova escalada da crise, em um contexto de tensões intercomunitárias e religiosas", segundo ele.

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