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Governo argentino taxa produtos de luxo e busca acordo de preços

A Argentina sofre com a queda mensal de 1 bilhão de dólares nas reservas do Banco Central e com a alta dos preços varejistas

Agência France-Presse
postado em 22/11/2013 17:21
O governo argentino, com novo gabinete, anunciou nesta sexta-feira (22/11) que buscará acordos de preços com empresas para controlar a inflação e um aumento de impostos a produtos de luxo.

A Argentina sofre com a queda mensal de 1 bilhão de dólares nas reservas do Banco Central e com a alta dos preços varejistas que as consultorias privadas apontam em quase 30% ao ano.



"Vamos fazer novos acordos de preços, para sua instrumentação definitiva daqui a 2 de dezembro", disse o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, em coletiva de imprensa na Casa Rosada.

A presidente Cristina Kirchner introduziu esta semana a maior reforma de gabinete em seus seis anos no poder e a dois anos de terminar o último mandato, após a derrota nos grandes distritos nas eleições legislativas de outubro, apesar de conservar o controle do Congresso.

"As medidas têm pouco sabor. A taxa de câmbio (6,06 pesos por dólar no mercado oficlal) está muito baixa. O déficit da balança energética é de quase 7 bilhões de dólares e tende a subir", disse à AFP Fausto Spotorno, da consultoria Orlando Ferreres e Associados.

Capitanich anunciou que o governo envia nesta sexta-feira ao Congresso um projeto de lei para elevar "os impostos internos à compra de automóveis de luxo, embarcações e aviões, para desestimular sua aquisição".

Argentinos de alto poder aquisitivo compram veículos importados cotados em pesos à taxa de câmbio oficial, mas com dinheiro que trocam no mercado paralelo a 10 pesos por dólar norte-americano.

Deste modo, quem possui um carros de alto padrão consegue pagar a metade do valor em dólares ou euros. As reservas do Banco Central caíram de 42 a 31 bilhões de dólares este ano, na pior sangria desde 2001.

Ao voltar de uma licença médica após uma pequena cirurgia, a presidente realizou mudanças em seu gabinete. Nessa reestruturação, o secretário de Comércio, Guillermo Moreno, homem forte de seu governo durante sete anos, renunciou.

Moreno era temido por setores empresariais ameaçados com inspeções fiscais, enquanto mantinha sob duro controle as operações de trocas comerciais para evitar a saída de dólares.

Ao invés de Moreno, o novo ministro de Economia, Axel Kicillof, nomeou um conhecido seu, o jovem licenciado em economia, Augusto Costa, de 38 anos.

Costa conheceu Kicillof, de 42 anos, quando eram estudantes e militavam no grupo marxista universitário heterodoxo Tontos, mas não Tanto (TNT).

"A Argentina precisa aumentar a oferta de dólares. Sabe-se que o governo buscará acordos de investimentos com a Rússia e a China, mas não sei que confiança terão para emprestar", acrescentou Spotorno.

Em um gesto que aponta para a melhora do ambiente político, Capitanich disse que na próxima quarta-feira irá ao Congreso para prestar contas diante dos legisladores e dialogar com a oposição.

"É o que diz a Constituição", disse ao ser consultado sobre uma política ignorada por chefes de gabinete antecessores.

Em outro sinal forte a dois dias de assumir, Capitanich recebeu nesta sexta-feira em encontros separados líderes da central operária CGT e dirigentes das patronais da indústria, comércio e da construção.

"Capitanich tem que tentar corrigir a economia argentina. O desafio de Kicillof é a inflação", afirmou à rádio Mitre o economista Federico Sturzenegger, presidente do Banco Ciudad de Buenos Aires.

Na Argentina vigoram duros controles às importações e à venda de divisas, executados por Moreno nos últimos anos, além da intervenção no instituto de estatísticas INDEC.

Os números desse organismo e particularmente o índice de inflação (10,5% em dados oficiais) são questionados por analistas privados, organismos internacionais e oposição.

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