Renata Tranches
postado em 23/11/2013 08:00
Democratas e republicanos deixaram de lado as divergências políticas nos Estados Unidos, ontem, para homenagear o presidente John Fitzgerald Kennedy, cujo legado costuma ser lembrado pelos dois grandes partidos norte-americanos. Assim como em 1963, 22 de novembro caiu em uma sexta-feira. O auge das cerimônias que marcam os 50 anos do assassinato do chefe de Estado mais influente da história recente americana ocorreu na Dealey Plaza, em Dallas (Texas), o local em que JFK foi atingido por dois tiros disparados por Lee Harvey Oswald.
O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou ordem estabelecendo ontem como o ;dia de lembrança do 35; presidente americano; ; JFK. Todas as bandeiras em repartições e prédios públicos foram hasteadas a meio mastro. ;Com visão ampla e crescente, mas sóbrio idealismo, o presidente John F. Kennedy chamou uma geração a servir e convocou uma nação à grandeza. Hoje, nós honramos sua memória e celebramos sua marca duradoura na história americana;, escreveu Obama, na ordem presidencial. Ainda ontem, em entrevista à rede de tevê ABC, o líder democrata disse não temer por sua segurança por conta do que houve com o antecessor. ;Não penso nisso;, afirmou.
Ele não participou de nenhum dos eventos oficiais da data. A Casa Branca anunciou que sua homenagem seria à vida de JFK, demonstrada na cerimônia de quarta-feira de entrega da Medalha Presidencial da Liberdade, criada por Kennedy, em 1963. De Washington, Obama falou, por videoconferência, com voluntários da Peace Corps na Tanzânia, programa criado pelo presidente assassinado. ;Hoje, e em décadas futuras, levaremos seu legado adiante;, disse, de acordo com a Casa Branca. Do lado republicano, o governador de New Jersey, Chris Christie, afirmou que agradecia a JFK por seu exemplo no serviço público. ;Sei que o exemplo que o presidente Kennedy deu a todos nós ; de colocar o servir aos outros à frente de servir a si mesmo ; é algo que todos nós deveríamos pensar hoje, ao lembrarmos aquele triste dia;, declarou o governador, um dos prováveis candidatos republicanos à presidência em 2016.
Ex-adversário de Obama nas eleições passadas, Mitt Romney citou o presidente morto. ;Cinquenta anos atrás, eu não fui à escola, estava em casa, doente, quando vi a terrível notícia. Depressão naquele dia e agora, pela perda dos Kennedys e dos EUA;, escreveu, em sua conta no Twitter. Do mesmo partido, o deputado Roger Williams publicou longa carta lembrando que, aos 14 anos, apertou a mão de Kennedy, um dos últimos a fazê-lo horas antes de sua morte. ;Aquilo mudou minha vida. De verdade.;
Relato de testemunha
"Pensei ver confetes"
;Era aniversário de minha mãe, naquele 22 de novembro de 1963. Fomos ao centro de Dallas para comprar-lhe um presente. Meu pai e minha mãe sabiam que o presidente viria à cidade, mas não previram a passagem da comitiva. Fomos incapazes de chegar à loja e, por isso, esperamos em um parque. Era um dia bonito, após uma manhã chuvosa. As cores eram muito vibrantes, e acho que isso me ajuda a lembrar do evento tão bem. Eu tinha apenas seis anos.
Eu ainda me recordo de meu pai brincando com uma bola, no gramado da Dealey Plaza. A comitiva começou a se aproximar. Eu podia ouvir o som dos aplausos. Então, escutei o que pensei serem fogos de artifício ; eram os tiros. Com o disparo que matou o presidente, houve uma explosão do que eu imaginei serem confetes vindo do carro. Infelizmente, vídeos e fotos mostraram que isso era a cabeça do presidente. Meu pai nos jogou na grama e se deitou sobre nós. Deixamos a Dealey Plaza rapidamente.;
Jeff Franzen, 56 anos, empresário, morador de Virgínia, em depoimento ao Correio, por e-mail
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