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Grandes potências se reúnem para acordo sobre programa nuclear iraniano

O britânico William Hague e o chinês Wang Yi devem chegar ainda esta manhã.

Agência France-Presse
postado em 23/11/2013 09:02
Genebra - Os chefes da diplomacia das seis grandes potências se reúnem em Genebra neste sábado (23/11), na reta final das negociações com Teerã, para obter um acordo provisório sobre o programa nuclear iraniano, após dez anos de tentativas frustradas.

"Dois ou três pontos de divergências persistem, mas as duas partes se aproximam de um acordo. Veremos se podemos resolver essas diferenças", declarou neste sábado o chefe dos negociadores iranianos, o vice-ministro Abbas Araqchi, de acordo com a agência Fars.

O secretário de Estado americano, John Kerry, se reuniu pouco depois de sua chegada a Genebra com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.

Em seguida, Kerry discutiu com o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, cuja "inflexibilidade" não permitiu um acordo durante o ciclo anterior de negociações, concluído em 9 de novembro.

Em sua chegada, Laurent Fabius reiterou que desejava "um acordo sólido" e que tinha vindo "para trabalhar".

Kerry deve ainda se reunir com o seu colega russo, o chefe da diplomacia Sergei Lavrov, que encontrou sexta-feira à noite em Genebra o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.

Lavrov considerou que, "pela primeira vez em muitos anos, o (grupo) 5%2b1 tinha uma chance real de chegar a um acordo", em declarações divulgadas neste sábado pelo seu gabinete.

Os diplomatas do Irã e do Grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) negociam desde quarta-feira um acordo provisório para limitar o controverso programa nuclear do Irã, em troca de um alívio das sanções impostas à República Islâmica.

"Chegamos à última reta, mas as negociações anteriores nos ensinaram a ter cautela", ressaltou uma fonte diplomática francesa.

De fato, na rodada anterior de negociações, de 6 a 9 de novembro, as discussões terminaram sem um acordo, principalmente devido à posição francesa, que aumentou as exigências dos países do Grupo 5%2b1.

Ainda assim, os progresso registrados esta semana nas negociações provavelmente obrigaram os chefes da diplomacia a retornar a Genebra, ainda que ninguém se atreva a cantar vitória antes do final do ciclo.

"Há uma chance realista (para se chegar a um acordo), mas ainda há muito trabalho", declarou em sua chegada o ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle.

Progressos

Sexta-feira à noite, o chefe dos negociadores iranianos Araqchi considerou que as posições de cada parte se aproximaram. "Nos aproximamos de um acordo em grande medida, mas apesar dos progressos realizados hoje, ainda restam temas importantes pendentes" para resolver, disse, citado pela agência de notícias Mehr.

As negociações se baseiam em um texto de 9 de novembro, redigido durante a rodada anterior de negociações, que terminou sem acordo.

Este projeto de acordo temporário de seis meses, que, segundo uma fonte ocidental, seria renovável, prevê que o Irã limite seu programa nuclear em troca da suavização das sanções internacionais contra o país.

Um dos principais assuntos sobre a mesa é o futuro das reservas iranianas de urânio enriquecido a 20% (a barreira a partir da qual é possível obter rapidamente uma porcentagem de 90%, que permite a fabricação de uma bomba nuclear).

Araqchi "não confirmou ou desmentiu" as informações da imprensa iraniana segundo as quais o grupo 5%2b1 aceitou o "direito" de Teerã de enriquecer urânio em seu território.

"As negociações ainda não terminaram", assinalou Araghchi.

Poucas coisas foram reveladas sobre as sanções econômicas que atingem o Irã.

De acordo com estimativas de fontes americanas, o Irã perde 5 bilhões dólares a cada mês e já teria perdido cerca de US$ 120 bilhões devido a essas sanções. Mais de 100 bilhões de ativos iranianos estão congelados em bancos em todo o mundo.

O alívio "limitado" e "reversível" das sanções poderia resultar em um descongelamento de alguns desses ativos, os números variam entre 6 e 10 bilhões pelos seis meses. Ao mesmo tempo, devido à manutenção do embargo ao petróleo o Irã perde cerca de 30 bilhões.

Para Israel este acordo "é ruim. Se for assinado, ainda restará muita coisa a fazer para confrontar o Irã ao dilema: a bomba ou a sobrevivência" do regime, considerou o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon.

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