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Oposição convoca venezuelanos a conter chavistas nas eleições municipais

O líder da oposição Henrique Capriles convocou a população, neste sábado, a derrotar o chavismo nas eleições municipais de 8 de dezembro

Agência France-Presse
postado em 23/11/2013 21:47
Caracas, 23 novembro 2013 (AFP) - O líder da oposição Henrique Capriles convocou a população, neste sábado, a derrotar o chavismo nas eleições municipais de 8 de dezembro, em um ato realizado horas depois que a Inteligência militar prendeu um de seus colaboradores.

"Todo o caos que estamos vendo vai se aprofundar, se o oficialismo ganhar as (eleições) municipais", disse Capriles aos manifestantes reunidos para protestar contra os superpoderes outorgados ao presidente Nicolás Maduro.

O presidente Maduro alega que tem pela frente uma "guerra econômica" contra "a burguesia e o imperialismo". "Eu lhes peço, por favor. Vamos mudar essa realidade em 8 de dezembro", afirmou Capriles, na manifestação na Praça Venezuela de Caracas. O ato se repetiu em outras localidades venezuelanas.

Em pronunciamento pela televisão, Maduro minimizou os protestos e reiterou sua acusação de que os opositores querem deflagrar a violência no país, recorrendo a indivíduos infiltrados nas manifestações.

"Muito pouca gente saiu, estão cada vez pior. A Venezuela deixou vocês sozinhos (...). De Miami deram a ordem: ;tem de haver um morto na Venezuela neste 23 de novembro;. Tomamos nossas medidas. Desmantelamos ontem, na madrugada, a emboscada que estavam armando contra sua própria gente", denunciou Maduro.



Na sexta à noite, o presidente alegou que dois "operadores" da oposição estavam sendo procurados e seriam encarregados de recrutar os que se infiltrariam nos protestos. Maduro não os identificou.

As concentrações convocadas pela Mesa de Unidade Democrática (MUD, que reúne os partidos de oposição) foram antecedidas pela detenção de Alejandro Silva, coordenador de viagens de Capriles.

Silva foi tirado "a golpes durante a madrugada desse sábado (de seu hotel) por um grupo de homens, supostamente funcionários da Direção de Inteligência Militar", denunciou o Partido Primeiro Justiça. Ele permanecia detido neste sábado na Direção de Inteligência Militar - revelou a advogada e deputada do Parlamento Latino-Americano (Parlatino), Delsa Solórzano. "Está bem, está em boas condições de saúde", acrescentou.

Maduro se referiu ao caso, indiretamente, ao afirmar que "um dos responsáveis pela emboscada está fugindo", sem dar nomes, ou falar em detidos."Não temos medo"

Antes do início do ato, pelos alto-falantes espalhados na Praça Venezuela, os opositores denunciavam o "sequestro" de Silva, enquanto que a multidão presente dizia "não temos medo".

Os protestos acontecem no momento em que o país enfrenta uma complexa situação econômica, marcada por uma inflação anualizada de 54%, tensões no mercado paralelo e ilegal do dólar (onde a cotação é oito vezes mais alta do que no mercado oficial), assim como a escassez pontual de alguns artigos.

"Votei pela primeira vez no Chávez, mas me arrependo. Eles quis que ficássemos como Cuba, não é justo. Leva uma semana para encher a despensa, porque quando não falta papel, falta farinha, ou açúcar", reclama a auxiliar administrativa Morela Peña, de 57 anos.

Governo está fraco, diz líder opositor

A duas semanas do pleito municipal, "este governo é fraco e está derrotado", declarou o líder do Primeiro Justiça, Julio Borges. A oposição acusou Maduro de pretender utilizar os superpoderes para fins eleitorais, faltando poucos dias para a disputa de 8 de dezembro.

Uma pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Datos (IVAD), realizada no início do mês, afirma que a desaprovação à gestão de Maduro chegou a 53% sete meses depois de sua chegada ao poder.

Diferentemente de outras ocasiões, o oficialismo não convocou manifestações paralelas às opositoras, mas Maduro lembrou aos venezuelanos que, nesse fim de semana, continuarão as reduções de preços nos estabelecimentos comerciais acusados de "especulação".

A medida foi criticada pela oposição.

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