Jornal Correio Braziliense

Mundo

Israel critica acordo sobre programa nuclear iraniano

Israel lançou mais uma vez a ameaça de uma operação militar contra o Irã, o que, segundo a maioria dos especialistas, não deve acontecer de imediato



Há meses, Netanyahu tem evocado condições muito estritas para qualquer acordo com o Irã. Nas últimas semanas, colocou em marcha uma ofensiva diplomática contra a administração americana de Barack Obama, a quem acusou de querer fazer muitas concessões a Teerã.

Em setembro, Netanyahu formulou quatro critérios que, segundo ele, permitiram assegurar que o Irã parou seu programa nuclear: a interrupção da produção de urânio enriquecido; o envio do urânio enriquecido no Irã para o exterior; o fechamento da usina de enriquecimento subterrânea de Fordo; o fim da produção de plutônio.

De acordo com a imprensa israelense, o acordo de Genebra não prevê qualquer um destes critérios.

Em um comunicado divulgado poucas horas após o anúncio do acordo histórico, o gabinete de Netanyahu ressaltou ser "um mau acordo, que oferece ao Irã o que ele queria: o levantamento parcial das sanções e a manutenção de uma parte essencial de seu programa nuclear".

"O acordo permite que o Irã continue enriquecendo urânio, deixa em seu estado atual as centrífugas e permite produzir material físsil para uma arma nuclear", acrescentou o comunicado, no qual lamenta que "não exigiu o desmantelamento da central nuclear de Arak", no noroeste do Irã.

Contudo, vários especialistas israelenses encorajaram o governo de Netanyahu a refinar suas opiniões.

Efraim Halevy, ex-membro da Mossad (a inteligência israelense), disse que é "ingênuo pensar que poderia forçar o Irã a desmantelar todas as suas centrífugas".

"Além disso, o acordo de Genebra oferece um controle sem precedentes das instalações nucleares do Irã", acrescentou.

Para o general Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar, se nenhum acordo tivesse sido assinado em Genebra, "o Irã teria continuado a desenvolver o seu programa nuclear". Yadlin e Halevy são a favor de uma "coordenação com os Estados Unidos", e não de uma política de confrontação.

O secretário de Estado americano, John Kerry, tentou tranquilizar Israel. "Este acordo global irá tornar o mundo mais seguro (...) e Israel mais seguro, os nossos parceiros na região mais seguros", declarou em Genebra.

Ao que Netanyahu respondeu: "o mundo se tornou mais perigoso, porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo significativo no sentido da aquisição da arma mais perigosa do mundo".

O ministro das Relações Exteriores israelense e líder do partido ultranacionalista Israel Beiteinu, Avigdor Lieberman, considerou que "todas as opções estão sobre a mesa", quando questionado sobre um possível ataque israelense ao Irã.