Jerusalém, 24 novembro 2013 (AFP) - Israel não escondeu neste domingo (24/11) seu ressentimento com o "mau acordo" alcançado sobre o programa nuclear iraniano, chamando-o de "erro histórico", e sem descartar uma operação militar contra o seu maior inimigo.
Israel lançou mais uma vez a ameaça de uma operação militar contra o Irã, o que, segundo a maioria dos especialistas, não deve acontecer de imediato."O que foi concluído em Genebra não é um acordo histórico, mas um erro histórico", declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à imprensa na abertura do Conselho semanal de Ministros, referindo-se ao acordo entre as grandes potências e o Irã.
O primeiro-ministro reiterou que "Israel não está vinculado a este acordo", e insistiu que "o regime iraniano está comprometido em destruir Israel", extraoficialmente a única potência nuclear no Oriente Médio. "Israel tem o direito e o dever de se defender contra qualquer ameaça, e em nome do governo proclamo que Israel não permitirá que o Irã adquira capacidades militares nucleares", insistiu o premiê.
O ministro da Economia, Naftali Bennett, adotou um tom ainda mais alarmista, considerando que "o acordo deixa intacta a máquina nuclear iraniana e poderia permitir o Irã de produzir uma bomba no período de seis a sete semanas".
"Se em cinco anos, uma bomba atômica explodir em Nova York ou em Madri, será culpa deste acordo", prosseguiu o líder do partido nacionalista Lar Judeu.
Há meses, Netanyahu tem evocado condições muito estritas para qualquer acordo com o Irã. Nas últimas semanas, colocou em marcha uma ofensiva diplomática contra a administração americana de Barack Obama, a quem acusou de querer fazer muitas concessões a Teerã.
Em setembro, Netanyahu formulou quatro critérios que, segundo ele, permitiram assegurar que o Irã parou seu programa nuclear: a interrupção da produção de urânio enriquecido; o envio do urânio enriquecido no Irã para o exterior; o fechamento da usina de enriquecimento subterrânea de Fordo; o fim da produção de plutônio.
De acordo com a imprensa israelense, o acordo de Genebra não prevê qualquer um destes critérios.
Em um comunicado divulgado poucas horas após o anúncio do acordo histórico, o gabinete de Netanyahu ressaltou ser "um mau acordo, que oferece ao Irã o que ele queria: o levantamento parcial das sanções e a manutenção de uma parte essencial de seu programa nuclear".
"O acordo permite que o Irã continue enriquecendo urânio, deixa em seu estado atual as centrífugas e permite produzir material físsil para uma arma nuclear", acrescentou o comunicado, no qual lamenta que "não exigiu o desmantelamento da central nuclear de Arak", no noroeste do Irã.
Contudo, vários especialistas israelenses encorajaram o governo de Netanyahu a refinar suas opiniões.
Efraim Halevy, ex-membro da Mossad (a inteligência israelense), disse que é "ingênuo pensar que poderia forçar o Irã a desmantelar todas as suas centrífugas".
"Além disso, o acordo de Genebra oferece um controle sem precedentes das instalações nucleares do Irã", acrescentou.
Para o general Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar, se nenhum acordo tivesse sido assinado em Genebra, "o Irã teria continuado a desenvolver o seu programa nuclear". Yadlin e Halevy são a favor de uma "coordenação com os Estados Unidos", e não de uma política de confrontação.
O secretário de Estado americano, John Kerry, tentou tranquilizar Israel. "Este acordo global irá tornar o mundo mais seguro (...) e Israel mais seguro, os nossos parceiros na região mais seguros", declarou em Genebra.
Ao que Netanyahu respondeu: "o mundo se tornou mais perigoso, porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo significativo no sentido da aquisição da arma mais perigosa do mundo".
O ministro das Relações Exteriores israelense e líder do partido ultranacionalista Israel Beiteinu, Avigdor Lieberman, considerou que "todas as opções estão sobre a mesa", quando questionado sobre um possível ataque israelense ao Irã.