Cicade do Vaticano, 24 novembro 2013 (AFP) - Em um gesto altamente simbólico durante o encerramento do "Ano da Fé", o Papa Francisco, diante mais de 60.000 fiéis, segurou em suas mãos o relicário contendo os ossos venerados como os de São Pedro, o fundador da Igreja Católica.
A imagem do Papa de 76 anos, 265; sucessor de Pedro, totalmente concentrado, segurando firme em suas mãos o relicário de bronze enquanto recitava o "Credo", foi um dos destaques da missa solene.
Numa manhã fria e úmida, diante de dezenas de milhares de seguidores em todo o mundo, ele encerrou o "Ano da Fé", mostrando pela primeira vez as relíquias do apóstolo São Pedro ao público reunido na Praça São Pedro.
Pedro foi crucificado de cabeça para baixo entre os anos 64-70 no circo de Calígula, onde hoje se encontram os Jardins do Vaticano.
Os ossos foram encontrados durante as escavações em 1940, sob o pontificado de Pio XII, em uma necrópole localizada debaixo da basílica ao lado de um monumento construído no século 4 para homenagear aquele que é considerado o primeiro bispo de Roma.
Nenhum Papa testemunhou que os ossos eram autênticos. Mas testes científicos indicaram uma grande "probabilidade" de que eles são, de fato, os ossos do velho pescador da Galiléia, segundo o Papa Paulo VI em 1968.
Sobre o relicário está gravado em latim "Ex ossibus quae in Arcibasilicae Vaticanae hypogeo inventa Beati Petri Apostoli esse puntantur" ("Ossos encontrados na Basílica do Vaticano, que são considerados como os do bendito apóstolo Pedro").
Esta missa solene, com cânticos em latim, também foi a ocasião para a coleta de doações para as vítimas do tufão que devastou as Filipinas.
O Papa também leu sua primeira carta de Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho"), a 36 bispos, sacerdotes e religiosos representantes de movimentos eclesiais, e a dois jornalistas e dois artistas, o escultor japonês Etsuro Sotoo e a pintora polonesa Anna Gulak.
Uma senhora cega também recebeu o documento em uma versão auditiva.
O documento deve ser mantido em segredo até terça-feira, e fontes do Vaticano sugerem um texto importante e denso: este é o primeiro texto do magistério totalmente escrito por Francisco, ao contrário da encíclica "Fidei Lumen", publicada em julho, que tinha sido em grande parte escrita por Bento XVI.
Em sua homilia, o Papa Francisco destacou a "centralidade de Cristo", "centro de criação, centro do povo, centro da história", "Senhor da reconciliação."
O Papa saudou os Patriarcas do Oriente: "A troca de paz com vocês quer expressar, antes de tudo, a gratidão do bispo de Roma em relação a essas comunidades que confessam o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, muitas vezes pagando um preço alto".
"Quero falar a todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz".
Antes de descer no meio da multidão, Francisco pediu para que todos rezassem pelos "perseguidos por sua fé, e eles são tantos"
Na véspera da primeira visita do presidente russo, Vladimir Putin, ao Vaticano, ele também reservou um pensamento para a Ucrânia, que "comemora o 80; aniversário do Holodomor, a grande fome provocada pelo regime comunista (de Stalin), que causou milhões de vítimas".
O "Ano da Fé" foi lançado em outubro de 2012 pelo Papa Bento XVI, quatro meses antes de sua renúncia, e deu origem a várias celebrações na Praça São Pedro. Desde então, cerca de 8,5 milhões de pessoas visitaram Roma, segundo o Vaticano.
Após a missa, muitas pessoas passaram a rezar nas Grutas do Vaticano, sob a basílica, diante do túmulo do primeiro apóstolo.