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Governo da Escócia apresenta grande plano para a independência

"O futuro da Escócia está agora nas mãos da Escócia", disse Salmond

Agência France-Presse
postado em 26/11/2013 11:30
Glasgow - Se a Escócia conquistar a independência do Reino Unido, conservará a libra como moeda e Elizabeth II como rainha, segundo o projeto para a independência do país apresentado pelo governo regional.


O chefe de Governo da Escócia, Alex Salmond, apresentou nesta terça-feira (26/11) em Glasgow o "livro branco", com a esperança de reverter as pesquisas desfavoráveis 10 meses antes do referendo.

"O futuro da Escócia está agora nas mãos da Escócia", disse Salmond no ato em que apresentou o ;livro branco;, que responde a 650 questões (670 páginas) concretas sobre uma eventual separação e assegura que a independência trará mais prosperidade e igualdade econômica para esta província britânica de 5,2 milhões de habitantes.


[SAIBAMAIS]"Os escoceses pagaram mais impostos que o resto da Grã-Bretanha nos últimos 32 anos", criticou Salmond, antes de destacar que a ruptura com a Inglaterra, Gales e Irlanda após 300 anos de união permitiria "lutar contra o legado de dívida e desigualdade social imposto pelas políticas" de Londres.

"O futuro da Escócia - seu guia para uma Escócia independente" detalha pela primeira vez os planos de Edimburgo para a moeda, regime fiscal, educação e políticas de bem-estar no caso de vitória do "sim" no referendo marcado para 18 de setembro de 2014.


O guia destaca que a Escócia ficaria com 90% das reservas de petróleo do Mar do Norte - 24 bilhões de barris - e que não permitiria armas nucleares na base militar de Faslane, que abriga o submarino nuclear britânico.


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O país continuaria usando a libra como divisa, reconheceria a rainha Elizabeth II como monarca em sua nova Constituição e renunciaria à BBC como meio de comunicação público nacional.

Finalmente, permaneceria na Otan e na União Europeia (UE).


Salmond, do Partido Nacional Escocês (SNP), expressou segurança no cumprimento de seus planos, apesar de Londres e Bruxelas não terem se comprometido a facilitar suas ideias. Os eleitores julgarão o conteúdo do livro "em contraste com a campanha do ;não; e seus augúrios de pesadelo e negatividade", disse o chefe de Governo escocês.


"Minha visão em política é que as pessoas votarão a favor de uma visão positiva", completou.

Uma vitória provocaria negociações complexas sobre moeda, dívida pública, bases militares e investimentos, entre outras coisas. O governo central do primeiro-ministro conservador David Cameron alega que cada escocês perderia com a independência 1.000 libras ao ano (1.600 dólares), a título de aumento de impostos para criar um novo país.


"Respeitar o resultado do referendo é algo totalmente diferente a aceitar tudo o que Alex Salmond afirma em uma entrevista coletiva", comentou um porta-voz do governo de Cameron.

O "não" lidera as pesquisas, apesar da alta popularidade de Salmond e do SNP.


Na pesquisa mais recente, publicada no domingo no jornal Sunday Times, 47% dos escoceses eram contrários à independência, 38% apoiam e 15% ainda não definiram o voto.

O resultado deu um pouco de esperança para os nacionalistas escoceses, cuja proposta separatista tradicionalmente recebia o apoio de no máximo 20% do eleitorado.


Os indecisos poderiam alterar o equilíbrio e o governo conservador-liberal de Cameron substituiu no início de outubro o secretário para a Escócia, Michael Moore, por Alistair Carmichael, considerado mais combativo. Os grandes partidos britânicos - conservadores, liberais e trabalhistas - defendem a permanência da Escócia no Reino Unido.


Alistair Darling, deputado trabalhista escocês e diretor da campanha "Melhor juntos", disse que o documento de Salmond "não faz sentido". "As pessoas têm que entender que acontecerão negociações", afirmou à BBC, e "uma negociação significa que duas pessoas têm que estar de acordo".


A Escócia tem mais autonomia desde um referendo sobre a questão em 1997. O Parlamento tem competência para áreas como educação, saúde, meio ambiente e justiça. Na entrada do Centro de Ciência onde Salmond apresentou o livro, as opiniões eram diversas.

"Deve estar tão cheio de fantasia como um livro de Harry Potter", disse Alan, de 56 anos, um desempregado. Tom Smith, um médico de 74 anos, disse que a "Escócia poderia ficar muito bem" como Estado independente. "De todos os modos, já somos uma nação diferente", completou.

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