Agência France-Presse
postado em 26/11/2013 18:33
Tegucigalpa - Os observadores da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) qualificaram nesta terça-feira como "transparentes" e "confiáveis" as eleições de domingo (24/11) em Honduras, nas quais saiu vencedor o candidato da situação (direita), Juan Orlando Hernández. "A votação e o resultado foram transparentes", avaliou Ulrike Lunacek, chefe da missão da UE, enquanto o líder da delegação da OEA, Enrique Correa, expressou que "existiram elementos que contribuíram para a transparência do processo que dão confiabilidade aos resultados".Hernández, do governista Partido Nacional (PN), soma 34% dos votos contra 29% de Xiomara Castro, esposa do presidente deposto Manuel Zelaya, segundo o último boletim do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), com 67% dos votos apurados. Os chefes das delegações da UE e da OEA ofereceram seus respectivos informes durante coletivas de imprensa celebradas em hotéis da capital hondurenha.
A UE credenciou 100 observadores para as eleições, enquanto a OEA destacou 82, alguns dos quais estiveram desde a convocação, em maio, e deram seguimento a todo o processo. As duas representações pediram aos dirigentes dos partidos que apresentem as reivindicações que tiverem perante o TSE, integrado por três magistrados, elogiados pelos observadores pelo desenvolvimento do processo.
Lunacek disse que a delegação europeia não recebeu denúncias de irregularidades de parte do Partido Liberdade e Refundação (Libre), apesar de sua candidata, Xiomara Castro, ter se declarado a vencedora das eleições na noite de domingo e de seu marido, o ex-presidente Zelaya, ter acusado na segunda-feira o TSE de cometer fraude a favor do candidato governista. Lunacek destacou que "o dia de votação transcorreu em um ambiente pacífico" embora "o censo eleitoral (5,4 milhões de eleitores) não seja preciso e confiável e constitua uma fraqueza do processo eleitoral".
[SAIBAMAIS]Ele também lamentou que "a campanha tenha sido opaca e desigual" pelo "uso de recursos públicos que não ajudam no orçamento (...) e o Partido Nacional (de Hernández) se beneficiou disto". Já Correa fez "um reconhecimento especial ao TSE, que mostrou seu compromisso em organizar uma eleição de forma profissional".
Ele também fez um apelo aos partidos e aos eleitores "para esperar pacientemente os dados da apuração (...) e respeitar os resultados oficiais", embora "tenham o direito de reivindicar inconsistências", se existissem, nas atas das mesas de votação, como denunciou o Libre. Centenas de estudantes bloquearam as ruas de Tegucigalpa nesta terça para proclamar a vitória de Xiomara Castro e rejeitar os resultados favoráveis a Juan Orlando Hernández, constatou a AFP.
"Xiomara presidenta", gritavam cerca de 400 manifestantes enquanto queimavam fotografias de Hernández, vigiados por centenas policiais de choque. "Estamos fartos de políticos ladrões, que fraudam as eleições; tudo vai continuar o mesmo (...), nós do Libre nos preocupamos com os pobres", disse à AFP José Luis, estudante de Informática da Universidade Nacional.
Zelaya, derrubado por uma aliança cívico-militar de direita no dia 28 de junho de 2009, reafirmou aos meios de comunicação que a contagem dos votos do TSE não corresponde à realidade e ameaçou defender a vitória de sua mulher "nas ruas" de Honduras se for necessário.