Agência France-Presse
postado em 27/11/2013 19:31
Madri - O presidente francês, o socialista François Hollande, e o chefe de governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, afirmaram nesta quarta-feira (27/11) "sua visão e interesses comuns" em matéria de crescimento e emprego, assim como sobre a futura união bancária europeia.Hollande viajou a Madri com seu primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, com oito membros do governo para se reunir com seus homólogos espanhóis na 23; cúpula franco-espanhola.
Há um ano "nos perguntávamos sobre o futuro da zona do euro, se ela iria explodir", lembrou o presidente francês em coletiva de imprensa conjunta com Rajoy ao término do encontro. "Um ano depois saímos dessa fase", mas "se apresenta, por outro lado, a questão do crescimento", acrescentou.
"França e Espanha compartilham uma visão e interesses comuns", afirmou o chefe de governo espanhol, destacando que "a União (Europeia) e suas instituições podem e devem fazer mais, mais rápido e de forma mais eficaz a favor do crescimento e do emprego".
Hollande já tinha pedido, na semana passada em Roma, em acordo com o presidente do Conselho italiano, Enrico Letta, para "fazer do crescimento do emprego, da estabilidade, o centro (das) decisões da cúpula europeia do mês de dezembro".
A França aconselha a adoção este ano pelos 28 países de um mecanismo de resolução das insuficiências bancárias e a recapitalização direta das entidades com dificuldades. Depois de obter o apoio de Letta, Hollande viajou a Madri em busca do apoio do conservador Mariano Rajoy, que também pede, há tempos, uma união bancária.
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"Devemos cumprir em tempo o caminho acordado pelo conselho europeu para a reforma da união econômica e monetária e, concretamente, para a união bancária", disse o espanhol.
Esta ideia surgiu em junho de 2012 com a constatação da situação na Espanha, "encerrada na espiral negativa" de sua dívida soberana e da necessidade de reestruturar o setor bancário. Quanto ao crescimento econômico, Hollande defende que a zona do euro disponha de "capacidade financeira" para apoiar investimentos de grande envergadura ou políticas de crescimento.
[SAIBAMAIS]A Espanha, que realizou "um ajuste muito duro" de suas finanças públicas a custa de um desemprego endêmico, se prepara para enfrentar "um problema importante de crescimento a longo prazo e portanto, estaria interessada em dispor de uma capacidade de investimento suplementar na zona do euro", observa Paris.
A quarta economia da zona do euro acaba de sair de dois anos de recessão e de voltar ao crescimento, que foi de 0,1% no terceiro trimestre, muito tímido para permitir amenizar o nível de desemprego em 25,98%.
O desemprego e, sobretudo, o dos jovens, esteve no centro das discussões com uma iniciativa europeia de 6 bilhões de euros em dois anos, dos quais, quase um terço deve ser destinado à Espanha.
Rajoy pediu a Bruxelas a "articular os procedimentos mais ágeis e eficazes para o desbloqueio dos fundos destinados ao desemprego juvenil". Mais de um de cada dois jovens espanhóis (54,39%) está desempregado e Madri "deseja que os instrumentos europeus sejam usados com mais eficácia", disseram em Paris.
"O futuro e a prosperidade da Espanha e da França passam por uma Europa mais forte, mais unida, mais competitiva e com voz e voto na agenda internacional", afirmou o chefe do governo espanhol.
As delegações dos dois países abordaram também outros clássicos destas cúpulas bilaterais, como as ligações ferroviárias.
Eles anunciaram que o primeiro trem de alta velocidade que unirá Barcelona e Paris em pouco mais de seis horas sem necessidade de transferências, que circulará a partir de 15 de dezembro.
"Assistimos a um fato histórico em interconexões hispano-francesas", afirmou Rajoy. "É uma grande conquista, mas levou 20 anos", ressaltou Hollande.