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Equador teme rebeldes desmobilizados após paz na Colômbia

"O Equador será outro dos beneficiários da paz, mas sabemos também, no setor da segurança, que esta paz pressupõe momentos difíceis," declarou Arellano

Agência France-Presse
postado em 27/11/2013 19:38
Quito - O eventual sucesso do processo de paz na Colômbia não reduzirá o estado de alerta militar no vizinho Equador devido ao temor de que o desarmamento das Farc possa agravar os problemas na fronteira, como o narcotráfico e a mineração ilegal, disse em entrevista à AFP o ministro da Segurança, Homero Arellano.

"O Equador será outro dos beneficiários da paz, mas sabemos também, no setor da segurança, que esta paz pressupõe momentos difíceis", declarou Arellano.

O principal risco para ele está em que uma desmobilização da guerrilha comunista colombiana, que tem 7 mil combatentes, dê lugar a bandos que se envolvam muito mais no tráfico de drogas e na mineração ilegal, uma combinação que inquieta os dois países.

[SAIBAMAIS]"Nós prestamos muita atenção a que grupos ilegalmente armados possam não mais obedecer aos seus comandos, e acabem formando grupos do crime organizado, e isto é extremamente perigoso", declarou o ministro.

Uma situação similar ocorreu com a desmobilização dos paramilitares colombianos de ultra-direita após 2006. Centenas de ex-combatentes se organizaram em grupos criminosos que também operam na fronteira colombiano-equatoriana.

"Fronteira especial"

O Equador, que nos últimos anos enviou 10.000 militares para a fronteira de 720 km com a Colômbia para evitar a passagem de guerrilheiros, sofre os efeitos do conflito armado mais longo do continente: acolhe 55.000 refugiados, destina anualmente 120 milhões de dólares para a defesa fronteiriça e ocupa nesta tarefa 20% de suas tropas.

Além disso, perdeu vários soldados em combates com guerrilheiros que se escondem no Equador e até pouco tempo travou uma luta judicial com o país vizinho pelos efeitos das fumigações antidrogas. O caso foi encerrado com um acordo no qual a Colômbia pagou ao Equador US$ 15 milhões.

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Daí que o governo esquerdista de Rafael Correa, que evita chamar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) de grupo terrorista, como fazem Estados Unidos e Colômbia, seja um dos mais entusiastas de um acordo de paz com os rebeldes no âmbito das negociações celebradas há um ano em Havana.

"Sabemos que este é um processo que está começando com êxito, com a liderança do presidente (colombiano) Juan Manuel Santos e tomara que terminem bem as negociações em Havana", reforçou o ministro Arellano.

No entanto, insiste, "muitos que estão na selva não vão querer escutar" o chamado ao desarmamento e poderão se tornar um novo problema de segurança comum, razão pela qual o Equador não descuidará "esta fronteira especial".

"Estamos pensando em novas formas de patrulha, no estabelecimento de unidades de vigilância de fronteira com infraestrutura especializada", afirmou. Ao mesmo tempo, ressaltou que "o governo colombiano tem seus planos e está trabalhando intensamente para estas etapas de desmobilização".

Passagens ilegais

Depois de restabelecer plenamente relações diplomáticas em 2011, após um rompimento de quase três anos devido a uma incursão militar colombiana, Quito e Bogotá estão trabalhando lado a lado para melhorar a segurança na fronteira mediante a regularização e a destruição de passagens ilegais por onde circula o contrabando de drogas e armas.

Simultaneamente, os governos estão comprometidos com planos para combater a mineração ilegal, uma atividade muito lucrativa na qual ingressam as máfias do narcotráfico.

O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Carlos Pinzón, "nos confessou que o tema da mineração ilegal é um dos principais problemas de segurança nacional. Os narcotraficantes estão entrando na mineração ilegal", concluiu Arellano.

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