Depois de uma condenação definitiva por fraude fiscal e de uma batalha travada nos últimos meses para evitar que o Senado italiano votasse a cassação de seu mandato, o polêmico ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ouviu ontem a inevitável decisão dos colegas. Depois de dominar a cena política por duas décadas, o magnata da mídia está fora do jogo, inelegível por seis anos. Além do mandato, Il Cavaliere, como é conhecido, perdeu a imunidade parlamentar que por anos o protegeu de uma longa série de processos.
A decisão do Senado era esperada, assim como a resposta do ex-premiê, que fez um dramático pronunciamento para correligionários concentrados na frente de sua casa em Roma. Vestido de preto e usando um broche com a bandeira da Itália, ele afirmou, minutos antes de a moção ser votada, que o dia era ;de luto pela democracia;. Mesmo enfraquecido, Berlusconi garantiu que não deixará a vida política. ;Não devemos nos desesperar se o líder da centro-direita não é mais um senador. Há líderes de outros partidos que não são parlamentares;, disse.
O ex-premiê brigou pelo cargo até as últimas forças. No domingo, teve um pedido de perdão negado pelo presidente Giorgio Napolitano. Em nota, o chefe de Estado afirmou que o ex-premiê teria de reponder à Justiça. De acordo com Napolitano, o comportamento do líder direitista impediu que um perdão fosse possível em pelo menos quatro ocasiões. Há cerca de duas semanas, um plano para desestabilizar o governo e forçar a antecipação das eleições rachou o partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PdL). O ex-premiê arquitetou a retirada do apoio da centro-direita à coalizão de governo, na tentativa de adiar ou até evitar a votação de ontem. O esquema acabou com o rompimento de Angelino Alfano, ministro do Interior e ex-secretário do PdL, que formou uma nova legenda e garantiu apoio ao primeiro-ministro Enrico Letta.
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